06/Oct/2025
Na avaliação da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham), o Reino Unido pode ‘pegar carona’ em acordos comerciais recentes, que se aceleraram nos últimos meses com o Mercosul. A vinda da delegação britânica ao Brasil no mês que vem para a COP30, em Belém (PA), é o cenário adequado para que as duas partes comecem a delinear o que pode ser a realização de mais um tratado de trocas de bens e serviços. No mês passado, o Mercosul fechou um pacto com os Estados da EFTA: Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. Até o fim do ano, são grandes as apostas de que um texto seja assinado com a União Europeia, mais de duas décadas depois do início de sua costura. O pano de fundo para a aceleração de parcerias comerciais como esta é o tarifaço iniciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em abril.
Um acordo com Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales tem chances de levar menos tempo para ser confeccionado do que o da União Europeia. Deve levar no máximo cinco anos, o que seria uma grande vitória. O Brasil poderá se beneficiar da indústria de serviços, em especial dos financeiros, da inovação, da estratégia soberana de sustentabilidade e economia de baixo carbono britânica, como o agronegócio sustentável, o financiamento climático, a confecção de equipamentos e a participação em leilões governamentais. Além, da questão do agronegócio: o Brasil pode ajudar na segurança alimentar do Reino Unido. Além dos "empurrões" de fora para o fechamento de um tratado comercial entre as partes (como Trump, acordos da EFTA e da UE e a proximidade da COP 30), há um impulso a mais: conversas já iniciadas entre Brasil e Reino Unido sobre a Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA).
O DTA é um regime que permite a suspensão de tributos e transporte de mercadorias importadas e que facilita a logística do comércio exterior. Os dois lados assinaram um acordo para evitar a dupla tributação em novembro de 2022. O Reino Unido já fez a ratificação, mas está parado no Brasil porque há o julgamento de que pontos precisam ser renegociados. Agora, é tentar achar uma solução. É um acordo que já tem um ‘namoro antigo’, já tem um desejo antigo de ambas as partes. Um acordo comercial seria uma boa solução para o caso porque quaisquer aspectos de dupla tributação seriam tratados dentro do documento, que é mais abrangente. Esse DTA serviria como uma ponte e um impulso. A possibilidade de uma negociação entre as partes emergiu quando o ministro do comércio Britânico, Chris Bryant, esteve em Brasília no mês passado para reuniões com o governo.
Na ocasião, ele sinalizou que gostaria de uma aproximação com o Mercosul, citando explicitamente o interesse de o Brasil liderar as conversas no bloco. Para o governo brasileiro, esta é mais uma porta de acesso ao comércio internacional e que reflete o fato de o País ser reconhecidamente um bom parceiro e um grande mercado. Dados da Britcham apontam que a corrente de comércio de bens e serviços dos dois países é da ordem de US$ 15 bilhões, com exportações britânicas de US$ 8,6 bilhões e importações de US$ 6,1 bilhões. Atualmente, o Reino Unido é o 27º maior parceiro comercial do Brasil, com 0,7% do comércio e os investimentos estrangeiros diretos somam US$ 15,25 bilhões. Esses números reforçam a importância de manter o Brasil competitivo para atrair e reter capital estrangeiro, especialmente em setores estratégicos, como energia renovável, infraestrutura, agronegócio e finanças. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.