06/Oct/2025
A principal preocupação dos investidores estrangeiros em relação ao Banco do Brasil é o ponto de virada nos resultados, impactados pela disparada da inadimplência no agronegócio. A presidente do banco, Tarciana Medeiros, afirmou que 2025 ainda é um ano de ajustes. O próximo ano marcará o início da recuperação dos resultados do banco. O guidance atualizado para este ano aponta lucro líquido entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões. No primeiro semestre, o resultado foi de R$ 11,2 bilhões, um tombo de mais de 40% ante o mesmo período de 2023, quando a cifra foi de R$ 18,8 bilhões. O guidance do Banco do Brasil foi retirado pela primeira vez na história, em meio à disparada da inadimplência no agronegócio, o que ajudou a pesar nas ações. Um fator que ainda não está refletido no guidance é o efeito da Medida Provisória (MP) de renegociação das dívidas de produtores rurais. O banco lida hoje com 808 casos de recuperação judicial no agronegócio, um recorde em sua história.
O número soma R$ 5,4 bilhões em dívidas em uma carteira de crédito de cerca de R$ 400 bilhões. Quanto à polêmica da "indústria de recuperações judiciais" no setor agro, a presidente do Banco Brasil afirma que o banco não pode questionar processos já aceitos pela Justiça. No entanto, defende que o produtor conheça a fundo o processo de recuperação judicial. Diferente do que acontece com a pessoa jurídica, em que os bens são os bens da empresa, em uma recuperação judicial no agro, a pessoa física se confunde com a jurídica. Então, os bens de família foram adquiridos com aquele negócio entram nesse processo de negociação, mas muitos produtores não sabem disso. O banco tem feito um trabalho de orientação junto aos produtores e já nota menor demanda por novos pedidos de recuperação judicial. Por isso, a MP de renegociação rural é tão importante. Metade dos R$ 12 bilhões em recursos do Tesouro Nacional liberados para as tratativas deve beneficiar o Banco do Brasil.
A MP ajudará a acelerar a retomada de resultados, mas não haverá grande impacto imediato. Por causa dos ‘calotes’ no agro, o banco precisou fazer uma provisão adicional de cerca de R$ 16 bilhões, equivalente ao lucro de um trimestre. E, neste caso, vale a máxima: “a provisão sobe de elevador e desce de escada”. O mercado começa a enxergar uma ‘luz no fim do túnel’. No último mês, as ações do Banco do Brasil na B3 acumulam alta de mais de 8%. No ano, porém, os papéis ainda acumulam queda de 5,50%. O resultado ainda deve piorar antes de melhorar, na visão de gigantes de Wall Street. Segundo o Goldman Sachs, o terceiro trimestre continua desafiador. O Banco do Brasil teve lucro líquido de R$ 780 milhões em julho, abaixo da cifra de junho, de R$ 976 milhões. Mas, no próximo ano, o resultado deve voltar a crescer. O disputado setor de alta renda é uma das apostas para turbinar os resultados à frente.
A expectativa do banco é crescer em 25% a base de clientes. Para atingir seu objetivo, capitaneia uma repaginada completa das marcas Estilo e Private, mas descarta a criação de um novo segmento intermediário, a exemplo do que concorrentes fizeram. E também vai atacar o portfólio da concorrência. A ideia é ser o principal banco do cliente, mas sem a ilusão de exclusividade. Quanto ao "risco Magnitsky", o Banco do Brasil cumpre as legislações norte-americana e brasileira, com apoio jurídico nos dois países. O encontro dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump às margens da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, foi recebido pelo setor como um alívio diante do temor de sanções a bancos brasileiros. O "risco Magnitsky" ainda está precificado nas ações do Banco do Brasil, mas o problema mesmo é o "resultado ruim". Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.