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02/Oct/2025

EUA: governo sofre pressão interna contra tarifaço

Segundo a consultoria BMJ, a pressão da indústria e do setor privado norte-americano contra a política tarifária dos Estados Unidos é crescente em virtude dos impactos inflacionários da taxação sobre produtos importados sobre a indústria local. A pressão local das empresas é muito forte e direta. Há produtos, como café e suco de laranja, que os Estados Unidos não têm como substituir. Há consequências para o Brasil, mas também para os Estados Unidos. A cadeia produtiva norte-americana criou um laço forte com agronegócios brasileiro, sobretudo em suco de laranja, madeira, papel e celulose, carne bovina in natura e café. No caso do café, o preço subiu muito após tarifaço de 50% sobre o Brasil. Há pressão forte das empresas, pois elas já começam a sofrer a inflação de produtos importados brasileiros. A ausência de suprimentos de outros países e problemas de abastecimento em algumas cadeias vão formar a pressão e "desembocar" no Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Tarifas são dinâmicas e sofrerão efeitos da opinião pública norte-americana, da inflação norte-americana e da contestação jurídica às tarifas recíprocas.

O fato é que não dá para sair do maior mercado de consumo do mundo. Os players brasileiros devem atuar junto a legisladores norte-americanos com acesso à Casa Branca. As listas de produtos taxados pelo governo norte-americano estão sendo revistas “a todo momento” pelo Departamento de Comércio Exterior dos Estados Unidos com base na pressão de legisladores e eleitores. A ausência de suprimentos alternativos aos produtos brasileiros e problemas de abastecimento elevam a pressão sobre o governo norte-americano. Com indicações de que a Suprema Corte dos Estados Unidos pode derrubar a lei usada por Donald Trump para baixar a tarifa de 40% sobre as exportações do Brasil, o presidente norte-americano já está buscando outro lastro normativo, uma investigação no bojo da Seção 301, que é parte da Lei de Comércio dos Estados Unidos e permite que o Escritório do Representante Comercial (USTR) realize apurações sobre práticas que supostamente prejudicam o comércio internacional dos Estados Unidos.

A taxação das exportações brasileiras foi abrigada sob a International Emergency Economic Powers Act (IEEPA ou Lei de Poder para Emergência Econômica Internacional), que concede ao presidente amplos poderes para regular diversas transações financeiras ao declarar um estado de emergência nacional para lidar com qualquer ameaça incomum e extraordinária, cuja origem esteja, no todo ou em grande parte, fora dos Estados Unidos, à segurança nacional, política externa ou economia do país. Mas, como é deficitário na balança comercial com os Estados Unidos, o Brasil não representa riscos ou ameaças à economia norte-americana. Daí a substituição da IEEPA pela investigação apoiada na Seção 301. Diante do cenário de taxação, a melhor arma é diversificar os destinos. O acordo com a União Europeia deve sair no fim do ano. O Brasil também vem buscando ampliar as trocas com o México, o Canadá e a Indonésia, entre outros. Impor retaliações não traria benefícios ao Brasil, e o País mostrou pragmatismo a regulamentar a Lei de Reciprocidade, mas não aplicá-la imediatamente e de forma generalizada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.