29/Sep/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que aplicará impostos de importação de 100% sobre produtos farmacêuticos, 50% sobre armários de cozinha e pias de banheiro, 30% sobre móveis estofados e 25% sobre caminhões pesados a partir de 1º de outubro. As tarifas farmacêuticas não se aplicariam a empresas que estão construindo fábricas nos Estados Unidos. Não ficou claro como as tarifas se aplicariam a empresas que já possuem fábricas nos Estados Unidos. Em 2024, os Estados Unidos importaram quase US$ 233 bilhões em produtos farmacêuticos e medicinais, de acordo com o Census Bureau. A perspectiva de dobrar os preços de alguns medicamentos pode chocar eleitores, já que as despesas com saúde, bem como os custos do Medicare e do Medicaid, podem aumentar.
Além disso, Trump afirmou que fabricantes estrangeiros de móveis e armários estavam inundando os Estados Unidos com seus produtos e que tarifas deveriam ser aplicadas “por motivos de segurança nacional e outros”. As novas tarifas sobre armários poderiam aumentar ainda mais os custos para construtoras em um momento em que muitas pessoas que buscam comprar uma casa se sentem sobrecarregadas pela combinação de escassez de moradias e altas taxas de hipoteca. Trump também disse que caminhões pesados e peças fabricados no exterior estão prejudicando produtores nacionais. “Grandes fabricantes de caminhões, como Peterbilt, Kenworth, Freightliner, Mack Trucks e outras, estarão protegidas”, postou em rede social.
O republicano há muito tempo afirma que as tarifas são a chave para forçar as empresas a investirem mais em fábricas nacionais. Ele descartou temores de que os importadores repassariam grande parte do custo dos impostos aos consumidores e empresas na forma de preços mais altos. Ele continua afirmando que a inflação não é mais um desafio para a economia dos Estados Unidos, apesar das evidências em contrário. O índice de preços ao consumidor aumentou 2,9% nos últimos 12 meses, acima do ritmo anual de 2,3% registrado em abril. O Reino Unido afirmou que está pressionando os Estados Unidos sobre as tarifas farmacêuticas na esperança de um resultado benéfico, após o presidente norte-americano anunciar novas alíquotas setoriais. Setores como o farmacêutico são críticos para a economia do país.
Segundo a Capital Economics, o anúncio dos Estados Unidos sobre tarifas a produtos farmacêuticos importados não é um movimento tão grande como parece à primeira vista. As isenções sobre medicamentos genéricos e empresas construindo fábricas nos Estados Unidos devem reduzir o impacto das alíquotas de 100% sobre fármacos, por consequência gerando um aumento menor na taxa efetiva de tarifas sobre importações. Muitas das maiores empresas farmacêuticas do mundo já possuem alguma produção nos Estados Unidos ou anunciaram planos para aumentar a produção em um futuro próximo. Some a isso a antecipação de importações que levou a um aumento significativo de estoques em 2025, e o impacto na alíquota efetiva da tarifa provavelmente será pequeno.
Esse conjunto de fatores também resultará em impacto limitado para os países que exportam medicamentos, incluindo os mais sensíveis a tarifas neste setor, como União Europeia, Singapura e Suíça. Em relação às tarifas sobre caminhões e móveis, o impacto dependerá se os parceiros do acordo USMCA (México e Canadá) serão isentos da nova cobrança ou não. Dessas, as tarifas sobre caminhões são as mais significativas, mas com impacto ainda pequeno, considerando que representam 1,5% do total de importações dos Estados Unidos; Pelo menos 78% dessas importações de caminhões pesados são do México e 15% do Canadá. Sem isenção do USMCA, o México será o mais afetado pelas tarifas. Fontes: Broadcast Agro e Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.