26/Sep/2025
Em um de seus típicos momentos de arroubo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ter tido "química excelente" com o presidente Lula, com quem esteve por menos de um minuto nos bastidores da Assembleia-Geral da ONU. Os 39 segundos desse encontro não fortuito (se quisesse, Trump poderia tê-lo evitado) foram suficientes para abrir uma ‘fresta’ para a retomada das relações de alto nível entre os dois países, estremecidas desde que Trump resolveu impor duríssimas tarifas e sanções ao Brasil para forçar o País a deixar livre o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas, é apenas uma fresta, que pode se fechar a qualquer momento em razão da absoluta imprevisibilidade do presidente norte-americano. No entanto, se a declaração de Trump for para valer, é uma grande oportunidade para uma reaproximação depois de meses de estranhamento e agressões, situação praticamente inédita na história das relações entre Brasil e Estados Unidos.
O presidente Lula deve aproveitar essa chance, mesmo que haja o risco, não desprezível, de que Trump o destrate, como fez com tantos outros chefes de Estado. Lula, neste momento, deve entender que questões pessoais são menos relevantes do que a possibilidade de mostrar a Donald Trump que as premissas que nortearam sua decisão de castigar o Brasil são equivocadas. Como se sabe, Trump justificou o tarifaço contra o Brasil sob o argumento de que o País tem superávit comercial com os Estados Unidos. Na verdade, é o exato oposto, há anos. Além disso, o presidente norte-americano exigiu, na prática, que o governo brasileiro interferisse para que o Supremo Tribunal Federal livrasse Bolsonaro da cadeia, o que obviamente é impossível. Há muitas explicações racionais para o aparente recuo de Trump, a começar pela provável pressão de empresários norte-americanos afetados pelo tarifaço a produtos brasileiros. Em se tratando de Trump, contudo, buscar respostas racionais costuma ser perda de tempo. O presidente norte-americano já deu diversas demonstrações de que não se move por ideologia, e sim pela possibilidade de lucro.
Sendo assim, não se prende a qualquer compromisso institucional ou diplomático. E a história de seu segundo mandato mostra, até aqui, que Donald Trump fica muito feliz quando sai da mesa de negociação com a sensação de que quebrou a banca, mesmo que seja apenas uma ilusão. Logo, Lula fará bem se deixar o orgulho de lado e demonstrar vontade genuína de oferecer algo aos Estados Unidos. Há espaço para tratativas em áreas como minerais críticos e plataformas digitais. A questão, contudo, é saber se Lula vai pensar no Brasil ou em sua campanha à reeleição. A dúvida é pertinente, porque Lula, até aqui, tem conseguido faturar politicamente com as agressões norte-americanas ao Brasil, em contraste com os traidores da Pátria que estão nos Estados Unidos empenhando-se em incitar o governo Trump a prejudicar o Brasil e com os bolsonaristas que estenderam uma bandeira norte-americana na Avenida Paulista no Dia da Independência brasileira. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.