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25/Sep/2025

Governo brasileiro entre euforia e cautela sobre EUA

Surpresa foi a palavra que melhor definiu a reação do governo e do presidente Lula ao convite do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para um encontro na próxima semana. Mas, as manifestações de diplomatas e políticos governistas seguiram linhas distintas. De um lado, deputados, senadores e até ministros ficaram eufóricos. Do outro, na diplomacia, o movimento foi mais pragmático e silencioso. Até porque há diferença significativa no foco dos dois grupos. Enquanto a ala política enxergou uma oportunidade eleitoral com o discurso de que Lula ‘não baixou a cabeça’ e por isso a soberania brasileira está garantida, no Itamaraty a preocupação é em resgatar o diálogo e garantir uma negociação comercial que evite mais danos à economia. O Itamaraty articula para garantir que a reunião será reservada. Ou seja, sem risco de ciladas, como ocorreu com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. Qualquer relação com Trump é “gelatinosa”.

O convite está em uma fronteira perigosa entre a armadilha que já vitimou tantos e a inoperância. Os objetivos seriam as tarifas ou a soberania?, indaga o Instituto de Estudos sobre os Estados Unidos da ESPM. A avaliação é de que o Brasil tem trabalhado bem na sua diplomacia e não deixaria a situação degringolar. A oposição minimizou a ação de Trump. “Está atraindo (Lula) para a cova. No sentido figurado, é obvio”, declarou o líder do PL, senador Carlos Portinho. A avaliação de que a oportunidade não pode ser desperdiçada avança entre setores da economia. O convite para o encontro foi positivo do ponto de vista do interesse das empresas brasileiras, resume Rubens Barbosa, que foi embaixador do Brasil nos Estados Unidos, e preside o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice). O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, exaltou o encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU.

Alckmin afirmou que o caminho para o entendimento entre Brasil e Estados Unidos passa por diálogo e negociação, incluindo não apenas tarifários, mas também investimentos. Sempre há espaço para o diálogo, questões tarifárias, não tarifárias e muita oportunidade de investimentos, destacou, citando o setor de data centers. O Brasil tem energia abundante, coisa que não é comum. Tem energia renovável, tem universidades, tecnologia, indústria de ponta. Tem tudo para atrair data centers, um universo de possibilidades. Alckmin voltou a exaltar a "boa química" entre o presidente Lula e o presidente norte-americano, Donald Trump. "A boa química entre as pessoas favorece o relacionamento entre os países", afirmou. Porém, o vice-presidente disse não saber quando pode ser realizada uma conversa entre os dois presidentes.

Indagado sobre a possibilidade de a regulação das big techs entrar na equação sobre as tarifas às exportações brasileiras aos Estados Unidos, o vice-presidente se limitou a contar que já aconteceram reuniões com os principais players. Os empresários brasileiros ajudaram na aproximação entre o presidente Lula e Donald Trump. Nas últimas semanas, eles passaram a frequentar com intensidade inédita gabinetes próximos ao líder norte-americano, com a intenção de mostrar que o tarifaço traz apenas perdas para ambos os países. Entre os nomes que participaram das reuniões estão Joesley Batista (JBS), Carlos Sanchez (EMS), João Camargo (Grupo Esfera Brasil) e o investidor Lírio Parisotto. No dia 8 de setembro, por exemplo, eles tiveram um jantar com Mauricio Claver-Carone, conselheiro de Trump para a América Latina, e com Byron Donalds, congressista Republicano e candidato a governador da Flórida.

Também esteve presente José Felix, sócio do Ballard Partners, escritório de lobby com maior proximidade de Donald Trump. Camargo tem postado diferentes encontros em suas redes sociais, realizados nas duas últimas semanas. Houve reuniões com Kyser Blakely, assessor sênior especial do presidente dos Estados Unidos e conselheiro político sênior, e com James Blair, vice-chefe de Gabinete. Segundo ele, o grande destaque foi o encontro com Susie Wiles, chefe de staff do presidente Donald Trump. Também houve encontros com outros congressistas. Entre eles, a senadora Ashley Mood (que foi procuradora-geral da Flórida), Carlos Gimenez, Maria Elvira Salazar, e Mário Diaz-Balart. Segundo Camargo, todos muito próximos ao presidente Trump. Todos os congressistas presentes no encontro são republicanos, do mesmo partido do presidente Trump. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.