25/Sep/2025
O afago do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Lula em discurso na ONU ajuda a atenuar o cenário de riscos para o Brasil na economia. Isso porque, ao abrir espaço para negociações com o governo brasileiro, Trump diminui a possibilidade de o Brasil ser atingido por novas barreiras tarifárias e, o que seria ainda pior, de os bancos do País serem atingidos de forma mais dura pela Lei Magnitsky. Imediatamente após a fala do presidente norte-americano, por volta de meio-dia da terça-feira (23/09), as ações do Banco do Brasil passaram a subir 2,46%, mostrando essa leitura por parte do mercado financeiro. O dólar já vinha em queda desde a abertura do pregão, repercutindo o tom duro da ata do Copom pelo Banco Central, que reforçou que os juros permanecerão altos por um período prolongado. Mas, foi depois de Trump dizer que rolou uma “química” com Lula e que ambos se abraçaram, que a moeda norte-americana caiu abaixo de R$ 5,30 e a bolsa firmou novo recorde histórico nominal. Com o dólar mais baixo, a inflação corrente fica menos pressionada, e as expectativas também tendem a cair.
Isso melhora o cenário para o Banco Central, o que pode facilitar o início dos cortes de juros, previsto para o início do ano que vem pelo mercado financeiro. Trump anunciou o tarifaço no início de julho, distorcendo números de sua relação bilateral com o Brasil e acusando o governo brasileiro de perseguição contra Bolsonaro. No final do mesmo mês, abriu exceções para uma série de produtos, o que atenuou o impacto das medidas. Em sequência, passou a mirar as “pessoas físicas”, em especial os ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes e seus familiares. As razões do recuo de Trump têm mais com os efeitos que as tarifas terão sobre os próprios Estados Unidos. Ao encarecer a oferta de produtos importados, Trump ajuda a pressionar a inflação norte-americana. Se o tarifaço nunca chegou a ser visto como uma hecatombe sobre a economia brasileira, a aplicação da Lei Magnitsky, por sua vez, vinha deixando os bancos em uma posição delicada, porque existe um alto grau de arbitrariedade sobre as ações do Tesouro norte-americano.
Elas poderiam colocar o sistema financeiro brasileiro em xeque, em especial as instituições públicas, que poderiam sofrer constrangimentos em usar produtos e serviços dos Estados Unidos. Agora, com a abertura de uma fresta para negociações, esse risco diminui de forma considerável. Trump é um líder imprevisível e, da mesma forma que elogiou o presidente brasileiro, também pode voltar atrás. Mas, o elogio aconteceu de forma surpreendente e altera o equilíbrio de riscos para o Brasil. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a sinalização de uma reunião entre os presidentes Lula e Trump pode aliviar o tarifaço ao Brasil. Isso pode abrir espaço para o diálogo e aumenta a esperança para que os dois governos iniciem uma mesa de negociação para rediscutir as pesadas tarifas impostas pelos Estados Unidos. Não é uma "tarefa fácil", mas há esperança de que, por meio da conversa e da diplomacia, o Brasil conseguirá reverter esse cenário.
Afinal, Brasil e Estados Unidos mantêm uma relação propositiva de mais de 200 anos, com economias complementares. Os dados reforçam a urgência da aproximação: em 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos alcançaram US$ 40,4 bilhões, alta de 9,4% em relação ao ano anterior. As importações somaram US$ 40,7 bilhões, crescimento de 7,1%. No início de setembro, a CNI coordenou uma missão empresarial a Washington, reunindo cerca de 130 empresários de diversos setores, além de encontros com autoridades do governo e do parlamento norte-americano. Na ocasião, ouviram do vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, que a questão tarifária do Brasil era "política". Uma reunião entre os presidentes pode representar uma oportunidade de reaproximação estratégica, capaz de reduzir barreiras, ampliar a cooperação em áreas de inovação e sustentabilidade e reforçar a segurança jurídica para investimentos de longo prazo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.