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25/Sep/2025

COP30: Agro como solução para reduzir emissões

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defende que produtores rurais brasileiros sejam reconhecidos como agentes no fornecimento e na implementação de soluções climáticas para o alcance das metas brasileiras e potencialmente para as metas globais de redução de emissão de gases ligados ao efeito estufa. A proposta integra o posicionamento do setor agropecuário brasileiro para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá de 10 a 21 de novembro, em Belém no Pará, no documento “Agropecuária Brasileira na COP30”. Esse posicionamento foi entregue nesta quarta-feira (24/09) a parlamentares, representantes do governo brasileiro, em evento na sede da entidade em Brasília e encaminhado como recomendação aos negociadores brasileiros. O posicionamento foi amplamente discutido com as federações estaduais, entidades do agronegócio e pesquisadores.

A CNA pede também que as particularidades da agricultura tropical sejam consideradas e que ganhem escala como solução imediata aos desafios do clima. A confederação pleiteia ainda que os meios para implementar medidas de mitigação e adaptação sejam suficientes para exercer o potencial do setor. Essas posições devem ser adotadas nas negociações. Como alternativas para impulsionar a adoção de práticas sustentáveis no campo e frente aos desafios do clima, a CNA sugere financiamento acessível, aplicável e transversal aos instrumentos do acordo; inclusão da agricultura no centro das decisões; promoção da agropecuária dentro das metas globais; reconhecimento o setor em ações de adaptação e seguindo as realidades de cada país; atividade representativa em mitigação; mercado de carbono global integrado e alinhado com o setor e com o País e que sejam implementados através de uma transição justa. A entidade pondera que o financiamento tem sido o principal gargalo para a implementação da ação climática em nível global.

É fundamental que o financiamento climático chegue diretamente aos produtores rurais, facilitando a implementação de tecnologias de baixo carbono e contribuindo para dar escala às ações de mitigação e adaptação. Para isso, é proposta a criação de “mecanismos financeiros adequados”, com condições diferenciadas de crédito, seguro climático e redução dos custos de endividamento. Há um grupo de negociação específico no âmbito da COP destinado à discussão sobre agricultura e segurança alimentar para identificar como as mudanças do clima afetam a agropecuária e a produção de alimentos e como o setor contribui para mitigação e adaptação. É fundamental que os produtores rurais sejam colocados no centro das decisões sobre agricultura, tendo suas demandas atendidas em relação aos gargalos para o aumento da ambição climática e sendo reconhecidos como agentes provedores de soluções ambientais ao alcance das metas de redução de emissão de gases de efeito estufa.

No escopo da adaptação climática, a confederação recomendou que a lista de indicadores que deverão ser reportados por países seja manejável, com adequação às realidades nacionais e reconhecimento de ferramentas usadas na agricultura tropical. No aspecto da mitigação, a CNA sugere efetividade no financiamento para as ações de mitigação e avalia que há poucos avanços nesse ponto. A mitigação é um instrumento com grande potencial para o setor agropecuário brasileiro, uma vez que 141 partes, das 196 que fazem parte do Acordo de Paris, depositaram soluções de mitigação relativas à agricultura em suas metas nacionais de redução de emissões. Mitigar faz parte da agricultura tropical e deve estar na pauta das negociações, principalmente quando estão em jogo instrumentos como o financiamento e créditos de carbono.

A CNA também fez nove recomendações aos negociadores brasileiros sobre a Amazônia. Se por um lado a COP30 promete colocar no centro das discussões globais a proteção aos recursos naturais, por outro deve também reconhecer o valor da presença humana na região. Mais de um milhão de produtores rurais sustentam a segurança alimentar da população local cultivando arroz, feijão, hortaliças, leite, frutas, mandioca, carne, café, ovos, entre outros na região. É necessário reconhecer que agricultura e segurança alimentar são pilares inseparáveis da agenda climática, na Amazônia como em qualquer lugar do planeta. A COP30 deve ser muito mais do que um evento sobre a conservação da natureza, mas um teste decisivo para a agenda climática global e sua capacidade de reconhecer as necessidades e aspirações de desenvolvimento de quem vive na floresta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.