24/Sep/2025
O dólar encerrou esta terça-feira (23/09) em queda firme ante o Real, novamente abaixo dos R$ 5,30, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizer que se reunirá na próxima semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, elogiando o brasileiro. Os comentários de Trump, feitos durante discurso na Assembleia Geral da ONU, reduziram o temor no mercado de que os Estados Unidos adotem novas medidas econômicas contra o Brasil. O dólar fechou em baixa de 1,11%, a R$ 5,27, na menor cotação de encerramento desde 6 de junho do ano passado, quando atingiu R$ 5,24. No ano a divisa acumula baixa de 14,57%.
A participação do presidente Lula na assembleia da ONU era bastante esperada pelos agentes do mercado, que nos últimos dias demonstraram temor de que Donald Trump pudesse adotar mais medidas econômicas contra o Brasil. Em julho, Trump definiu uma tarifa de 50% para uma série de produtos brasileiros, citando como uma das justificativas o julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão. Na segunda-feira (22/09), os Estados Unidos anunciaram sanções à esposa do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.
Em seu discurso na ONU, Lula disse que a soberania brasileira é inegociável e criticou medidas unilaterais impostas ao País, além dos ataques ao Poder Judiciário brasileiro. Sem citar diretamente os Estados Unidos ou Trump, Lula também afirmou que a imposição de sanções arbitrárias está se tornando constante e que os ideais que inspiraram a criação da ONU estão ameaçados. Trump falou logo depois de Lula e citou o Brasil no fim do discurso. O norte-americano disse que passou por Lula após o brasileiro discursar, acrescentando que ambos se abraçaram e falaram rapidamente. "Tivemos uma boa conversa e concordamos em nos reunir na semana que vem", disse Trump. "Ele pareceu ser uma pessoa muito boa."
Os comentários de Trump trouxeram alívio ao mercado e fizeram o dólar renovar mínimas ante o Real, em meio à percepção de que o aceno do norte-americano ao presidente brasileiro reduz as chances de novas medidas contra o Brasil. Segundo a Manchester Investimentos, não interessava ao mercado o resultado do julgamento de Bolsonaro em si, mas sim o que vinha depois disso. E ao que parece, a partir de agora as negociações com os Estados Unidos começam a ser mais sobre economia. Após os discursos de Lula e Trump, o dólar à vista atingiu a menor cotação do pregão, de R$ 5,27 (-1,13%). O recuo firme da moeda norte-americana no Brasil ocorreu apesar de, no exterior, o dólar apresentar movimentos mais contidos e sinais mistos ante as demais divisas.
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,11%, a 97,223. No Brasil, a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que, após avaliar os efeitos acumulados do choque de juros, o Banco Central entrou agora em um "novo estágio" da política monetária que prevê taxa Selic em 15% por um longo período, para buscar a meta de inflação. O diferencial de juros, intensificado pelo corte da taxa nos Estados Unidos na semana passada e pela manutenção da Selic em 15%, tem sido citado pelos agentes como um dos motivos para o dólar ter se aproximado recentemente dos R$ 5,30. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.