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22/Sep/2025

Grãos: previsão de preços estáveis em 2025/2026

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2025/2026 de grãos deve ser marcada pela estabilidade dos preços das principais commodities agrícolas. Os preços dos grãos devem ficar próximos à média histórica, mas abaixo dos picos históricos reportados em ciclos anteriores. O tarifaço é um componente que ainda não se sabe exatamente o que pode representar no médio e longo prazo, se permanecerá ou não, mas o cenário é de manutenção de preços. A expectativa de que os preços das commodities permaneçam próximos aos patamares atuais é sustentada ainda pela boa perspectiva de produção. A Conab projeta novo recorde de grãos no ciclo 2025/2026, a 353,8 milhões de toneladas, alta de 3,6 milhões de toneladas ou 1% mais que na temporada anterior. Não é esperado que a soja opere novamente acima de R$ 200,00 por saca de 60 Kg ou milho acima de R$ 100,00 por saca de 60 Kg.

A Conab projeta crescimento da produção para as principais culturas agrícolas: soja (recorde estimado em 177,67 milhões de toneladas, +3,6%), algodão (4,09 milhões de toneladas em pluma, +0,7%) e feijão (3,1 milhões de toneladas, +0,8%). Já milho e arroz devem apresentar retração na colheita, com, respectivamente, 138,3 milhões de toneladas (-1%) e 11,5 milhões de toneladas (-10,1%) estimadas. A manutenção dos preços, apesar de não alcançar o nível de remuneração desejado pelos agricultores, confere maior previsibilidade à cadeia produtiva. Olhando o custo das rações que afeta sobre a carne e consequentemente o preço final ao consumidor, esse nível de estabilidade compensa. O ponto de atenção é o feijão, especialmente o carioca, sobre o qual há pressão significativa de preços. Mas, não se descarta alguma surpresa de uma retomada de preços em um patamar um pouco superior do feijão.

Entretanto, em virtude da baixa participação do feijão na composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), não deve haver impacto inflacionário do eventual aumento do grão. Mas, pode fazer com que haja uma surpresa por parte do consumidor. Se a projeção prevista para a safra for confirmada, deve haver estabilidade, mas feijão pode surpreender. O arroz, apesar da menor produção prevista no ciclo 2025/2026, o excedente da safra atual somado à maior produção global do cereal deve inibir a recuperação dos preços. Esse excedente de arroz da temporada 2024/2025 vai ajudar, certamente, no equilíbrio dos preços do ano que vem. Imagino que serão no mínimo dois anos para mudança em relação ao preço do arroz. Há de fato uma maior disponibilidade no mercado interno, a indústria está muito abastecida, o cenário de exportação tem limite até porque o mundo todo produziu mais arroz com maior colheita no Mercosul, aumento de produção na Índia e a reabertura para as exportações indianas.

O mercado internacional de arroz é muito limitado. A queda na área plantada de arroz tende a ser comedida, embora motivada pelos preços baixos atuais do cereal, e combinada com a redução do pacote tecnológico. Para o produtor que vendeu arroz entre R$ 120,00 e R$ 130,00 por saco de 50 Kg, a venda hoje está abaixo de R$ 75,00 a R$ 70,00 por saco de 50 Kg, o que gera um impacto grande. Por outro lado, a migração das áreas de produção de arroz no Rio Grande do Sul para soja tem limite em virtude até da característica das áreas alagadas. A queda de área não será tão acentuada, mas a questão será a produtividade, que pode ser beneficiado em eventual ocorrência de La Niña. O clima permanece como incógnita para o desempenho da safra.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) avalia haver possibilidade de formação de La Niña durante a safra 2025/2026 brasileira de grãos, cuja semeadura começa neste mês. O fenômeno poderia favorecer o rendimento das lavouras de arroz pela maior incidência de sol, mas ser desfavorável às lavouras de soja e milho. Ainda é muito precipitado, mas há uma possibilidade. Este ano foi neutro, mas teremos maior certeza sobre isso em meados de novembro. O cenário climático é sempre incerto. Outra preocupação é com a projeção de aumento da temperatura média em todas as regiões, o que afeta produtividade e reduz o ciclo produtivo. Talvez mais do que chuva, temperatura hoje precisa ser observada em nível de atenção porque pode gerar impactos sérios à produção e vemos aumento estrutural. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.