19/Sep/2025
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), após a colheita de uma supersafra de grãos na temporada 2024/2025, a safra 2025/2026 deve bater novo recorde na produção de grãos, para 353,8 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume colhido será 3,6 milhões de toneladas mais que o resultado estimado em 2024/2025, de 350,2 milhões de toneladas, ou aumento de 1% entre os ciclos. Os números foram apresentados nesta quinta-feira (18/09) no evento "Perspectivas para a Agropecuária na Safra 2025/2026". A publicação é realizada pela Conab em parceria com o Banco do Brasil. O resultado é puxado pelo aumento na área plantada, apesar da previsão de queda da produtividade das lavouras. A previsão é de aumento de 3,1% na área cultivada com grãos na safra 2025/2026, passando de 81,74 milhões de hectares na temporada 2024/2025 para 84,24 milhões de hectares em 2025/2026.
A produtividade média nacional das lavouras deve recuar 2% ante a temporada anterior, sendo estimada em 4.199 quilos por hectare no ciclo 2025/2026 em comparação com 4.284 quilos por hectare colhidos na temporada passada. Os números mostram a confiança dos produtores rurais em seguir com a produção. Há investimentos disponíveis, com volume recorde de recursos e condições diferenciadas de crédito, como juros reais negativos para a produção de alimentos, a partir do Plano Safra disponibilizado pelo governo federal. Além disso, a expertise dos produtores e a utilização crescente de tecnologia refletem no bom resultado que reafirma a posição do País como um dos principais fornecedores globais de alimentos, fibras e bioenergia. Para a soja, principal cultura plantada no País, a previsão é de novo aumento na produção, de 3,6%, para 177,67 milhões de toneladas em 2025/2026 frente a 171,47 milhões de toneladas colhidas no ciclo 2024/2025.
A produção de soja deve ser impulsionada pelo aumento da área semeada com o grão e pela recuperação de produtividade no Rio Grande do Sul. Caso não haja nenhum problema climático, a produção nacional deve alcançar mais um recorde produtivo, reforçando a posição do Brasil como maior produtor mundial de soja. A demanda global pela oleaginosa continua em expansão, impulsionada pelo aumento do esmagamento para alimentação animal e pela maior produção de biocombustíveis, tanto no Brasil quanto no exterior. Apesar da pressão sobre os preços internos da oleaginosa, a soja ainda apresenta elevada liquidez e retorno atrativo aos produtores. A produção total de milho, considerando as três safras do grão, pode recuar 1%, saindo de 139,7 milhões de toneladas na safra 2024/2025 para 138,3 milhões de toneladas em 2025/2026. As projeções apontam para aumento de área cultivada tanto na safra de verão (1ª safra 2025/2026) quanto na 2ª safra de 2026 do cereal em relação ao registrado no ciclo 2024/2025.
Em contrapartida, espera-se queda na produtividade média nacional nas lavouras, após nível "excepcional" registrado na temporada 2024/2025 com condições climáticas muito favoráveis. O movimento de expansão do cultivo é impulsionado pela expectativa de aumento no consumo interno com maior demanda para produção de etanol e de maior demanda externa, com eventual redirecionamento das compras asiáticas do milho norte-americano para o milho sul-americano, em resposta ao aumento de tarifas impostas. Para o algodão, a boa rentabilidade da pluma e a possibilidade de venda antecipada da produção têm levado os produtores a optarem pela cultura ou a ampliarem suas áreas. Neste cenário, a expectativa para a safra 2025/2026 é de crescimento de 3,5% na área semeada, impulsionado por Estados como a Bahia, Piauí, Minas Gerais e Tocantins. A produtividade da fibra é projetada em 1,89 toneladas de pluma por hectare. Com isso, a produção de algodão deverá crescer 0,7% para o recorde de 4,09 milhões de toneladas em 2024/2025 ante 4,06 milhões de toneladas na temporada 2024/2025.
A produção de arroz em 2025/2026 deve recuar 10,1%, das 12,76 milhões de toneladas colhidas em 2024/2025 para 11,5 milhões de toneladas previstas para o ciclo 2025/2026. O volume garante o abastecimento interno. O resultado deve-se à redução esperada de 4,8% na produtividade média nacional e da menor área plantada que deve sair de 1,76 milhão de hectares em 2024/2025 para 1,66 milhão de hectares no ciclo 2025/2026. Apesar da queda, o rendimento das lavouras de arroz esperado para 2025/2026 ainda está entre os maiores da série histórica, após patamar excepcional registrado na última safra. A redução na área plantada de arroz é reflexo do cenário desafiador aos agricultores na safra 2025/2026 em meio à ampliação da produção nacional e internacional em 2024/2025, que gerou excedente de oferta e desvalorização do grão.
Diante deste cenário, há uma tendência de retração da área cultivada nos principais estados produtores. No entanto, programas de apoio ao grande e ao pequeno produtor implementados pelo governo federal, como as operações de Contrato de Opção de Venda (COV), linhas de crédito com juros subsidiados e o Programa Arroz da Gente (de apoio técnico, comercial e financeiro a agricultores familiares), deverão amenizar uma queda mais acentuada da área. No caso do feijão, a estimativa de produção está próxima a 3,1 milhões de toneladas, somando-se as três safras do grão e assegura o consumo previsto no País. O desempenho é 0,8% superior ao ciclo anterior, quando foram colhidas 3,07 milhões de toneladas. A área semeada é estimada em 2,7 milhões de hectares, com produtividade média nacional estimada em 1.141 quilos por hectare. A tendência de estabilidade na produção de feijão deve-se ao fato de ser uma cultura de ciclo curto e muito responsiva a preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.