18/Sep/2025
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a abertura de 437 novos mercados para produtos agropecuários brasileiros desde 2023 contribuiu para reduzir os impactos do tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre as exportações do agronegócio nacional. Os Estados Unidos são um grande comprador, mas o governo brasileiro abriu alternativas e, por isso, os impactos são muito menores do que poderiam ter sido sem esses novos mercados. O ministro citou a iminência do acordo entre Mercosul e União Europeia, o fortalecimento das relações do Brics e novas aberturas de mercado para produtos brasileiros no Oriente Médio entre as ações do período. Quanto ao redirecionamento de produtos agrícolas que deixaram de ser exportados aos Estados Unidos, Fávaro mencionou o aumento das vendas de café para a China e a abertura do México para carne bovina brasileira.
O Brasil vende volume expressivo de café para os Estados Unidos, mas ampliou o mercado para a China, que foi de US$ 280 milhões em 2023 para quase US$ 1 bilhão em 2024. Os jovens passaram a consumir café na China e isso está gerando oportunidades para os produtores brasileiros. O México se tornou o segundo maior consumidor de carne bovina do Brasil e, até 2023, não era um comprador do País. Carlos Fávaro afirmou que o governo brasileiro demonstra vontade de conversar e negociar o tarifaço com os Estados Unidos, mas que a soberania nacional é "intocável". "É um absurdo as tratativas diplomáticas dos Estados Unidos com o Brasil, com 201 anos de boas relações sendo jogados fora. O governo brasileiro mostra claramente vontade de conversar e de negociar, mas tem assuntos que não podemos transgredir. Nossa soberania é intocável", afirmou Fávaro. Questionado sobre a ameaça do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, que afirmou que os Estados Unidos vão anunciar nos próximos dias medidas em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal, Fávaro disse esperar que não ocorra.
"Fico muito triste em ver um país historicamente um grande defensor da democracia e da soberania interferir em assuntos de outro país. Não vejo capacidade diplomática para um assunto como esse. Temos uma Constituição efetiva com independência dos poderes e, portanto, o Executivo não tem como interferir em decisões do STF", observou o ministro. Caso novas medidas retaliatórias se concretizem, o Brasil está preparado para enfrentar com altivez, segundo Fávaro. Fávaro voltou a afirmar que o tarifaço dos Estados Unidos não "tem sentido" do ponto de vista comercial já que o Brasil é um dos três países que têm déficit comercial na relação com o mercado norte-americano. Produtos importantes como suco de laranja, celulose e cacau já saíram do tarifaço. O governo brasileiro seguirá buscando diálogo, além das medidas já tomadas de apoio aos exportadores. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.