ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

16/Sep/2025

Países sentem impacto limitado de tarifas dos EUA

Segundo o Banco de Compensações Internacionais (BIS), o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem potencial para desacelerar a economia dos países afetados bem como pressionar a inflação. No entanto, ao menos por ora, os impactos das novas alíquotas comerciais dos Estados Unidos têm ficado abaixo das projeções de especialistas. O impacto econômico das tarifas está sendo monitorado pelos bancos centrais e, em certa medida, isso realmente desacelerará a atividade dos países que estão impondo tarifas e aqueles que estão sendo taxados.

Também pode haver um impacto na inflação. O Brasil e a Índia lideram a lista de países mais afetados pelo tarifaço, taxados com uma alíquota de 50%. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de ambos os países pode ser impactado em mais de 0,2%. O Vietnã, por sua vez, pode sentir um efeito maior, ao redor de 0,3%. O impacto no PIB é menor em grandes economias onde as exportações para os Estados Unidos são menos importantes em relação ao tamanho da economia como um todo. Quanto ao impacto do tarifaço nos preços, os casos do México, Brasil e Canadá são "instrutivos".

No Brasil, a queda de preços é apenas um pouco menor, em 0,4%, embora o crescimento do PIB deva ser bem menor. Porém, na prática, as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos têm ficado abaixo dos patamares anunciados, considerando as receitas obtidas com as novas taxas divididas pelo volume de importações. A Embraer é um bom exemplo. A fabricante brasileira de aviões foi taxada em 10%, mas essa alíquota se reduz para algo entre 5% e 6% por conta do conteúdo norte-americano utilizado nas aeronaves. Em resumo, o impacto das tarifas até agora tem sido menor do que o sugerido pelas taxas principais.

Há muitas razões que atenuam os efeitos do tarifaço de Trump nas economias taxadas, como o acúmulo de estoques e a adoção de novas rotas comerciais. O impacto das mudanças tarifárias no PIB e na inflação deve variar de forma significativa entre os países. Em particular, os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais como o Canadá e o México devem sofrer mais. Se as expectativas de inflação permanecerem bem ancoradas, a política monetária pode compensar grande parte do impacto tarifário sobre o PIB no curto prazo, ao custo de preços levemente maiores.

Mas, se o aumento das alíquotas desancorar essas expectativas, a rota mais segura é manter as taxas em nível compatível com a meta de inflação. Caso contrário, será necessária uma política muito mais rígida, com reflexo "material" no PIB. Porém, não se pode esperar que a política monetária reverta eventuais reduções do PIB potencial provocadas pelas tarifas. Será importante para os bancos centrais entenderem essas mudanças e suas implicações para o crescimento, a inflação e os padrões de comércio no futuro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.