16/Sep/2025
Uma semana antes do início do Debate Geral na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o governo brasileiro ainda não recebeu todos os vistos da comitiva que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à organização, em Nova York (EUA). Diplomatas dizem que o visto de Lula está mantido e que esperam que os demais sejam concedidos em cima da hora. O governo brasileiro poderá, se houver restrições ao País, como ameaçou Donald Trump, abrir um procedimento arbitral dentro da própria ONU, segundo o Ministério das Relações Exteriores. O Itamaraty confirmou que há pendências, mas não apresentou um panorama de quantos vistos faltam ser emitidos. Na semana passada, o Itamaraty protestou, durante reunião de um comitê das Nações Unidas, contra a restrição de acesso ao país, que viola o acordo de sede da ONU. O encontro foi convocado para questionar o anúncio de que Donald Trump não credenciaria a comitiva oficial da Palestina.
Ao menos dois ministros de Estado, Alexandre Padilha (Saúde) e Ricardo Lewandowski (Justiça), tiveram visto pessoal ou de seus familiares cancelado nas últimas semanas, como medida punitiva adotada pelos Estados Unidos no embate com o governo Lula. A questão segue pendente. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará, na próxima semana, de encontros para debater a democracia, questões climáticas e a busca por uma solução pacífica para a Palestina durante sua estadia em Nova York. Os eventos ocorrerão à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas. Como é de praxe, o presidente brasileiro fará o discurso de abertura no evento, no dia 23 de setembro. Antes do evento principal da viagem do presidente aos Estados Unidos, Lula participa da abertura da semana do clima, no dia 22 de setembro. O evento tem como objetivo discutir mudanças para combater a crise climática e a transição energética.
No mesmo dia, Lula participa da reunião promovida pelos governos da França e da Arábia Saudita em relação à Palestina. O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que o país reconheceria o Estado da Palestina em setembro. No dia 12 de setembro, a ONU aprovou a Declaração de Nova York, com o objetivo de estimular uma solução de dois Estados para o conflito na Faixa de Gaza. Hoje, sob a liderança da França e da Arábia Saudita, 142 países adotaram a Declaração de Nova York sobre a implementação da Solução de Dois Estados. “Juntos, estamos traçando um caminho irreversível rumo à paz no Oriente Médio", disse Macron. "França, Arábia Saudita e todos os seus parceiros estarão em Nova York para tornar este plano de paz uma realidade na Conferência sobre a Solução de Dois Estados". No dia seguinte à Assembleia Geral da ONU, Lula presidirá um encontro sobre democracia.
Discussões sobre multilateralismo e defesa da democracia mundo afora farão parte do debate realizado em Nova York. Ainda no dia 24 de setembro, o presidente brasileiro participa da Cúpula das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas - compromissos que os países assumem para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa). O evento é organizado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. O objetivo do encontro é promover um debate sobre as dificuldades de cumprimento desses compromissos nacionais e o que é possível fazer para melhorar as respostas coletivas dos países. Lula viaja no fim de semana aos Estados Unidos e deve retornar após essas agendas. Segundo o Itamaraty, não estão definidas todas as reuniões bilaterais que o presidente brasileiro terá com chefes de Estado de outros países durante a sua estadia em Nova York. A única já confirmada é com o secretário-geral da ONU, logo antes da participação de Lula na abertura da Assembleia Geral.
A ONU afirmou nesta segunda-feira (15/09), que considera “preocupante” o fato de os vistos da delegação brasileira que irá a Nova York para a Assembleia-Geral ainda não terem sido plenamente concedidos. Em meio ao embate político com o governo Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, colocou em dúvida a concessão dos vistos diplomáticos à delegação brasileira, depois de negá-los aos representantes da Palestina. “Obviamente, é preocupante. Esperamos que os vistos sejam entregues, como enfatizamos no caso da delegação palestina”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres. O porta-voz também reforçou que o governo Trump tem obrigações a cumprir, como país sede nas Nações Unidas, em Nova York. O acordo de sede exige que os Estados Unidos, governo anfitrião, facilitem a viagem para as pessoas que têm negócios diante desta organização, afirmou.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva já protestou por canais diplomáticos. O caso foi levado a um comitê interno da própria ONU, na sexta-feira (12/09), e discutido com autoridades norte-americanas. A uma semana da viagem de Lula, o Itamaraty confirmou que nem todos os integrantes da delegação brasileira receberam ainda o visto para atividades ligadas ao Debate Geral, da Assembleia-Geral da ONU. Um balanço não foi apresentado. O presidente Lula pretende decolar no sábado (20/09), a Nova York e participar de atividades oficiais antes do Debate Geral. Uma delas será uma conferência em defesa da criação e do reconhecimento formal do Estado Palestino. Diplomatas consideram que o governo norte-americano deverá retardar a liberação dos vistos, uma forma de constrangimento ao governo Lula, mas no fim vai autorizá-los. Ainda assim, pode haver problemas no desembarque nos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.