12/Sep/2025
De acordo com relatório intitulado “Feeding Profit: How Food Environments are Failing Children (Alimentando o lucro: como os ambientes alimentares estão falhando com as crianças)”, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a obesidade superou o baixo peso e se tornou a forma mais comum de má nutrição entre crianças e adolescentes. A doença afeta 1 em cada 10 crianças e adolescentes em idade escolar. Ao todo, estima-se que 188 milhões de pessoas de 5 a 19 anos sofram com o problema. O relatório reúne dados de mais de 190 países e mostra que a prevalência de baixo peso entre crianças e jovens de 5 a 19 anos caiu de quase 13% em 2000 para 9,2%, enquanto as taxas de obesidade subiram de 3% para 9,4%. Hoje, a obesidade já supera o baixo peso em praticamente todas as regiões do mundo. As exceções são a África Subsaariana e o Sul da Ásia.
Quando se fala de má nutrição, não é apenas de crianças com baixo peso. A obesidade é uma preocupação crescente que pode afetar a saúde e o desenvolvimento infantil. Os ultraprocessados estão cada vez mais substituindo frutas, verduras e proteínas em um momento em que a nutrição tem papel fundamental no crescimento, no desenvolvimento cognitivo e na saúde mental das crianças. As maiores taxas aparecem em pequenas ilhas do Pacífico, como Niue (38% das crianças e jovens de 5 a 19 anos), Ilhas Cook (37%) e Nauru (33%). Desde 2000, os índices praticamente dobraram, impulsionados pela troca das dietas tradicionais por produtos industrializados, baratos e muito calóricos. A situação também preocupa em outras regiões: a obesidade atinge 27% no Chile, 21% nos Estados Unidos e 21% nos Emirados Árabes Unidos.
A condição eleva o risco de resistência à insulina, pressão alta e outras doenças graves ao longo da vida, incluindo diabete tipo 2, problemas cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Para melhorar os ambientes alimentares no mundo, a Unicef faz uma série de recomendações, incluindo rotulagem de alimentos, restrições ao marketing e impostos e subsídios adequados, além de promoção de iniciativas sociais e de mudança de comportamento que incentivem famílias e comunidades a exigirem ambientes alimentares saudáveis. Também se propõe banir a venda de ultraprocessados em escolas e proibir marketing e patrocínio dentro do ambiente escolar, além de reforçar programas para reduzir a pobreza e ampliar o acesso a alimentos nutritivos. Conforme o relatório, estudos mostram que alimentos e bebidas ultraprocessados contribuem com 38% da ingestão total de energia de crianças entre 12 e 24 meses no Brasil.
Alimentos ultraprocessados e fast-food moldam a dieta das crianças mais pelos ambientes alimentares do que por escolhas individuais. Eles dominam escolas e comércios, enquanto o marketing digital dá à indústria acesso ao público jovem. Os produtos ultraprocessados são aqueles submetidos a métodos mais agressivos de alteração do produto in natura, além da adição de substâncias de uso industrial, como aromatizantes, corantes, conservantes e emulsificantes. Uma outra pesquisa, realizada em 2024 pela plataforma U-Report com 64 mil jovens de 13 a 24 anos em mais de 170 países, apontou que 75% lembravam de ter visto anúncios de refrigerantes, salgadinhos ou fast-food na semana anterior, e 60% disseram que isso aumentara a vontade de consumir esses produtos. Mesmo em países afetados por conflitos, 68% fizeram esse relato. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.