11/Sep/2025
A Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico, conhecida pela sigla em inglês Amoc (Atlantic Meridional Overturning Circulation), é um dos principais “motores” do clima terrestre. Ela funciona como uma esteira oceânica que transporta calor e nutrientes, conectando águas superficiais da porção tropical com águas profundas do norte global. Alterações nesse sistema sempre estiveram associadas a mudanças abruptas do clima no mundo, como as que marcaram a última era glacial. Um novo estudo mostra que, nos últimos 6,5 mil anos, a Amoc se manteve estável, após um período de oscilações durante o início do Holoceno. Mas, essa estabilidade se encontra agora ameaçada. Combinando dados de pesquisa de campo com projeções dos melhores modelos climáticos, o trabalho indica que as mudanças causadas pela ação humana podem levar a um enfraquecimento da circulação sem precedentes no período recente da história da Terra. O norte da Amazônia, justamente a parte mais preservada da floresta, pode ser fortemente afetado, com uma drástica redução do regime de chuvas.
Os resultados foram publicados no periódico científico Nature Communications. A equipe que fez o estudo reuniu cientistas de Alemanha, Suíça e Brasil. Utilizando testemunhos de sedimentos marinhos coletados em diferentes pontos do Atlântico Norte e análises de elementos radioativos (tório-230 e protactínio-231), eles reconstruíram quantitativamente a intensidade da Amoc ao longo de todo o Holoceno (os últimos 12 mil anos). Esses elementos radioativos são produzidos de forma constante na coluna d’água a partir do urânio. Como o tório se fixa rapidamente em partículas, enquanto o protactínio fica mais tempo em circulação, a razão protactínio-tório registrada nos sedimentos fornece um ‘proxy’ da intensidade da circulação oceânica. Valores mais altos indicam enfraquecimento, e mais baixos, intensificação. O arrefecimento da Amoc poderá significar um ponto de não retorno no clima. Se confirmadas as projeções, haverá ruptura sem precedentes na circulação oceânica que sustenta o equilíbrio do clima do planeta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.