11/Sep/2025
Para a JBS, as métricas utilizadas atualmente para avaliar a emissão de carbono pela agricultura brasileira, incluindo a pecuária, não consideram as especificidades da agricultura tropical. O Brasil não pode ser avaliado pelas métricas da agricultura temperada, e sim pela agricultura tropical. A percepção sobre a pecuária ainda carrega um viés negativo. Porém, a realidade em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta é diferente. O fato é que a métrica está errada, pois só considera as emissões, não considera as capturas. O desafio está em dar escala a iniciativas sustentáveis. Foram citadas iniciativas com envolvimento da JBS, como o Fazenda Nota 10 e os Escritórios Verdes para apoiar médios e pequenos produtores. O maior desafio para a redução das emissões é para o médio e pequeno produtor.
O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, destacou a importância de se avançar em soluções concretas para tornar o sistema alimentar mais sustentável e inclusivo. À frente do Grupo de Trabalho de Sistemas Alimentares da Sustainable Business COP30 (SB COP), que reúne executivos de grandes companhias globais, ele afirmou que as propostas do grupo serão apresentadas durante a COP30, em Belém (PA). O executivo ressaltou que a primeira prioridade é a criação de métricas claras e padronizadas para medição das emissões de carbono. Hoje, existem mais de 150 formas diferentes de medir, e sem clareza sobre o resultado final, cada um apresenta um número. É preciso padronizar. A ausência de critérios comuns reduz a credibilidade e limita o fluxo de capital para o setor.
Menos de 4% dos recursos destinados às mudanças climáticas chegam à agricultura justamente porque não há confiança nos números. A segunda recomendação do grupo é garantir acesso dos pequenos produtores às práticas sustentáveis. Para aumentar a produtividade, é preciso tecnologia. Para incorporar tecnologia, é necessário assistência técnica e financiamento. Mas, para que o financiamento chegue, é preciso provar que o modelo é sustentável e, ao mesmo tempo, rentável. Por fim, foi defendida a criação de mecanismos para remunerar os serviços ambientais prestados pelos agricultores. Não adianta dizer que é sustentável se não houver retorno sobre o capital. Isso é possível, mas é preciso criar condições para que os produtores sejam remunerados pelos serviços ambientais.
Um dos principais desafios do Brasil está em "mudar a narrativa" sobre a sustentabilidade do agronegócio. Parte da imagem negativa é fruto de percepção equivocada, enquanto outra parte decorre de ataques de concorrentes internacionais. Construiu-se uma ideia de que o agro brasileiro não é sustentável. Para alguns setores, isso é uma questão de percepção; para outros, é um ataque direto, porque competem com o agro brasileiro. A melhor forma de enfrentar essa situação é mostrar casos concretos. Quando são apresentados os fatos reais, muda a percepção. Quando o setor consegue demonstrar na prática o que está fazendo, é possível mudar a narrativa. A oportunidade agora é mostrar casos exemplares e convencer muita gente a partir da experiência real do que o Brasil está fazendo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.