10/Sep/2025
Segundo a ex-ministra do Meio Ambiente e co-chair do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a agricultura tropical deve ser reconhecida como parte da solução na agenda climática. O Brasil pratica uma agricultura tropical que é um ativo estratégico e poderia ser exemplo de redução de emissões, mas isso ainda não é traduzido em métricas reconhecidas internacionalmente. É fundamental superar a visão de que o setor é um entrave. A agricultura é solução para a agenda climática, e não um problema, como muitos setores políticos tentam colocar para polarizar o debate. A transição econômica vai além da eliminação dos combustíveis fósseis, envolvendo também a criação de novas oportunidades de trabalho e o reposicionamento do País no cenário internacional. O Brasil terá que conciliar produção de energia com conservação ambiental.
O Brasil continuará a ser um produtor estratégico de energia e de bioenergia, mas precisará olhar para a pecuária e entender como lidar com isso. Uma das formas é restaurar áreas e valorizar os recursos naturais. O País precisa adotar uma estratégia clara para avançar na agenda climática. Não é possível que, depois de 40 anos de conquistas ambientais, continuem os retrocessos. Esse não é um assunto para dividir a sociedade, mas que interessa ao desenvolvimento do País e à forma como o Brasil é visto internacionalmente. O mundo precisa deste País. Ainda, o Brasil precisa acelerar sua capacidade de resposta diante dos riscos climáticos e sociais que já se manifestam no País. Vai haver uma mudança de olhar provocada pela presença do risco climático como variável estratégica para os negócios e para o acesso a mercados nacionais e internacionais.
O País carrega desigualdades históricas que se somam a novos desafios. O Brasil não é desigual apenas do ponto de vista social, mas também no acesso a tecnologias. Um dos pontos levantados foi a necessidade de o País se preparar para os chamados refugiados climáticos, que serão consequência direta das mudanças do planeta. O setor privado precisa compreender que a transição climática exigirá ações imediatas. Não adianta projetar apenas o que pode acontecer daqui a dez anos. É preciso definir quais questões precisam ser respondidas agora para orientar decisões estratégicas. O Brasil deve abandonar a visão de que o futuro está sempre distante. É preciso trazer o futuro para o presente, compreender os riscos e postular hoje as soluções de transição econômica. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.