10/Sep/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na segunda-feira (08/09) que a “chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”, em seu discurso na reunião virtual de líderes do Brics. O presidente brasileiro disse também que o mundo assiste ao “enterro” dos princípios do livre comércio, ao reagir ao tarifaço do presidente norte-americano, Donald Trump. A videoconferência ocorre na semana em que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve ser julgado e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O governo brasileiro já aguarda a imposição de novas sanções e punições ao País, seja no campo econômico-comercial ou sobre autoridades. “A imposição de medidas extraterritoriais ameaça nossas instituições”, disse Lula. “Quando o princípio da igualdade soberana dos Estados deixa de ser observado, a ingerência em assuntos internos se torna prática comum.”
A reunião virtual foi convocada por Lula dois meses depois da cúpula do Brics no Rio de Janeiro, em julho. “Em poucas semanas, medidas unilaterais transformaram em letra morta princípios basilares do livre comércio. Agora assistimos ao enterro formal desses princípios. Nossos países se tornaram vítimas de práticas comerciais injustificadas e ilegais”, afirmou o presidente brasileiro. Lula afirmou ainda que “sanções secundárias restringem nossa liberdade de fortalecer o comércio com países amigos”, uma resposta à imposição de tarifas contra nações que ampliaram o comércio com a Rússia. O governo teme entrar na lista de países punidos por compra de óleo diesel russo. A Índia, por exemplo, foi tarifada em 25% a mais por causa da compra de diesel da Rússia, e a Otan já citou o Brasil como futuro alvo de tarifas norte-americanas desse tipo por também ter ampliado nos últimos anos a compra desse combustível da Rússia, apesar da imposição de barreiras no Ocidente por causa da invasão da Ucrânia.
Lula sugeriu intensificar trocas dentro do Brics e afirmou aos demais presidentes que “a cooperação supera qualquer forma de rivalidade” e o unilateralismo usa a estratégia de “dividir para conquistar”. O conselheiro econômico da Casa Branca, Peter Navarro, chamou os integrantes do Brics de "vampiros sugando nosso [dos Estados Unidos] sangue com suas práticas comerciais desleais". Navarro ainda pontuou que a economia do Brasil está "indo para o buraco" com as políticas "socialistas" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A questão central é que nenhum desses países pode sobreviver se não vender para nós. Vamos ver o que acontece. Não vejo como o Brics pode se manter unido já que, historicamente, todos se odeiam e se matam entre si", pontuou Navarro.
Sobre o Brasil, o conselheiro ainda declarou que o País "mantém o verdadeiro líder em uma cela", sem mencionar o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu em julgamento de ação penal sobre tentativa de golpe de Estado, que foi retomada hoje pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Navarro disse ainda que o Brics enfrenta contradições históricas entre seus membros. Segundo ele, a Rússia se aproxima da China, mas Pequim reivindica o porto russo de Vladivostok e estaria colonizando a Sibéria por meio de imigração ilegal. Ele acrescentou que a Índia está em guerra com a China há décadas, lembrando que a China forneceu a bomba nuclear ao Paquistão e mantém navios no Oceano Índico. "Boa sorte com isso, Putin", afirmou, dirigindo-se também ao premiê indiano: "Modi, veja como você resolve isso". Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.