10/Sep/2025
O diretor sênior de Assuntos para o Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional (NSC) dos Estados Unidos, Michael Jensen, afirmou a uma plateia de empresários e políticos brasileiros que as oportunidades de negócios com o Brasil estão limitadas, no curto prazo, pelo ambiente político. Durante conversa no Instituto Milken, think tank norte-americano, Jensen criticou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Sem citá-lo nominalmente, disse que "juízes descontrolados" estão "prendendo pessoas sem julgamento", "tentando tirar direitos constitucionais de cidadãos norte-americanos" e "roubando dinheiro" de empresas dos Estados Unidos. Segundo Jensen, o governo norte-americano vê o ambiente jurídico brasileiro como uma "ameaça". "Esse não é um ambiente em que recomendaríamos que alguém entrasse. Portanto, as oportunidades específicas agora são muito limitadas pelo ambiente político", afirmou, em evento organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).
"Sabemos que não teremos um julgamento justo, em que empresas norte-americanas serão abusadas", acrescentou. Responsável por supervisionar a política para a América Latina no NSC, Jensen fez as críticas a Moraes no mesmo dia em que o ministro defendeu seu voto no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. O nome de Jensen não estava previsto na programação oficial da conferência e a organização tentou blindar o encontro de temas políticos. Depois de taxar o Brasil em 50%, alegando motivos políticos, espera-se que os Estados Unidos ampliem as sanções contra o País após o julgamento do ex-presidente, que termina nesta semana. Entre os presentes estavam o vice-chairman e chefe global de Políticas Públicas do Nubank, Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central; o secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Samuel Kinoshita; o ex-governador paulista e fundador do Lide, João Doria; além de empresários e políticos. A reunião foi fechada à imprensa. Jensen ressaltou que os Estados Unidos são o parceiro mais antigo do Brasil e mencionou laços em áreas como comércio, investimentos e defesa, e disse não haver barreiras "estruturais" para um relacionamento mais estreito.
Trata-se, segundo ele, de um bloqueio político de curto prazo. "Estamos muito ansiosos para ver isso voltar", afirmou. Ele lembrou a declaração do vice-secretário do Departamento de Estado, Christopher Landau, a empresários na semana passada: "se vocês querem que as tarifas acabem, não percam seu tempo em Washington, mas em Brasília". Jensen disse que as próximas decisões dependem do presidente Donald Trump, que “tem muitas opções na mesa", e do cenário interno brasileiro. Ele sinalizou que a Casa Branca pode ampliar sanções ao País após a conclusão do julgamento de Bolsonaro, prevista para esta semana. O enviado norte-americano manifestou esperança de que a relação bilateral evolua: "O plano de jogo é: a bola está com vocês". E minimizou eventuais turbulências na gestão Trump: "Há muitas mudanças acontecendo. Não é o fim do mundo. É o fim do velho mundo. E o presidente está remodelando-o." Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.