09/Sep/2025
Após oscilar em margens bastante estreitas durante a sessão, o dólar fechou esta segunda-feira (08/09) praticamente estável ante o Real, com investidores à espera de eventos do restante da semana, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal e a divulgação do IPCA de agosto. Apesar do recuo do dólar no exterior, a moeda norte-americana pouco variou no Brasil. O dólar fechou em alta de 0,07%, a R$ 5,41, após três sessões consecutivas de perdas. No ano, a divisa acumula baixa de 12,32%. Em uma sessão de agenda relativamente esvaziada, o dólar ensaiou nova queda no Brasil no início da sessão e marcou a menor cotação intradia do pregão de R$ 5,40 (-0,24%), acompanhando o sinal negativo visto também no exterior.
Por trás do movimento estava a percepção, trazida por dados do mercado de trabalho norte-americano divulgados na sexta-feira (05/09), de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) caminha para cortar juros na próxima semana. Mas, a moeda norte-americana não se sustentou em baixa ante o Real, se reaproximando da estabilidade e tentou se firmar em alta, atingindo a máxima de R$ 5,44 (+0,66%). Segundo a Correparti Corretora, observa-se um movimento de proteção em função do julgamento do Bolsonaro que, a depender do resultado, pode gerar novas sanções dos Estados Unidos ao Brasil. Mas, o movimento é de pequeno no ‘range’ (faixa), bem tranquilo, com o mercado esperando o que vai acontecer. O julgamento de Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado será retomado nesta terça-feira (09/09).
Mais do que a condenação em si, o mercado teme que o julgamento provoque novas medidas dos Estados Unidos contra o Brasil, após o presidente norte-americano Donald Trump ter estabelecido tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. Na ocasião, Trump citou o julgamento de Bolsonaro como um dos motivos para a tarifação. Ao mesmo tempo, investidores aguardam a divulgação nesta quarta-feira (10/09) do IPCA (o índice oficial de inflação) referente a agosto. O índice pode impactar as apostas para o ciclo do Banco Central para a taxa básica Selic, hoje em 15% ao ano. Agentes do mercado têm lembrado nas últimas semanas que a perspectiva de corte de juros pelo Fed, somada à expectativa de manutenção da Selic em 15% pelo menos até 2026, é um fator favorável à atração de dólares ao Brasil.
Este cenário tem contribuído para uma cotação mais próxima de R$ 5,40 do que de R$ 5,60. No relatório Focus, a mediana projetada para o dólar no encerramento deste ano passou de R$ 5,56 para R$ 5,55. Para o fim do próximo ano, passou de R$ 5,62 para R$ 5,60. O Morgan Stanley afirmou que uma quebra abaixo de R$ 5,40 é possível, assumindo uma fraqueza sustentada do dólar e considerando o carry muito atrativo da moeda brasileira, mas o ímpeto deve desacelerar significativamente. O ruído nas manchetes tende a aumentar até o final do ano, devido aos processos legais contra o ex-presidente Bolsonaro e os debates sobre o orçamento do ano eleitoral. O Banco Central vendeu toda a oferta de 40.000 contratos de swap cambial tradicional em operação de rolagem. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,43%, a 97,451. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.