ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

09/Sep/2025

Crescimento das exportações brasileiras ao México

Em meio ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos importados brasileiros, as exportações brasileiras ao México vêm crescendo e o governo busca condições tarifárias diferenciadas para estimular o fluxo comercial entre os países. São dois os focos do Executivo: a ampliação dos Acordos de Complementação Econômica (ACE 53 e ACE 55) e a extensão do Pacote Contra a Inflação e a Carestia (Pacic) do governo mexicano, que isenta a tarifa de importação aplicada a produtos agropecuários utilizados na produção de alimentos da cesta básica. Os temas foram tratados em missão recente do governo brasileiro ao país, liderada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, com a participação de mais de 150 empresários brasileiros. Exportadores também vêm reforçando os pleitos junto a importadores mexicanos em comitivas do setor privado. Interlocutores acreditam que a relação amistosa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente do México, Claudia Sheinbaum, contribui para o avanço das tratativas.

Em 27 de agosto, direto da capital mexicana, Alckmin disse que os dois países têm "boa complementaridade econômica" e que é possível avançar nas parcerias em produtos agropecuários, na área industrial e no setor de serviços. Ele afastou a tese de que a aproximação ocorre em razão do tarifaço norte-americano. Há bastante tempo, independentemente das questões das tarifas dos Estados Unidos, o Brasil está procurando ampliar mercado. O Brasil discute com o México uma ampliação mais duradoura das condições tarifárias diferenciadas entre os países. Essa ampliação passaria pelo fortalecimento do Acordo de Complementação Econômica nº 53 (ACE 53), assinado entre Brasil e México em 2002, que estabelece a eliminação ou redução de tarifas de importação para cerca de 800 itens. Outro pleito do Brasil é pela modernização e atualização do ACE 55, que abrange o comércio de produtos automotivos. Os países firmaram um grupo de trabalho para atualização dos acordos e devem concluir o processo em até um ano, conforme fontes do governo brasileiro.

Tudo caminha para mais itens serem incluídos no rol de tarifas menores ou isentas sob o escopo do ACE53. Quanto ao Pacic, o pedido do governo brasileiro é pela prorrogação do programa mexicano de combate à inflação por pelo menos mais um ano (sua validade vai até 31 de dezembro). As tratativas bilaterais para continuidade do Pacic avançaram. Há sensibilidade do governo mexicano quanto ao tema, mas sem indicações de anúncios por enquanto. O pedido do Brasil é pelo anúncio antecipado da prorrogação do programa para evitar soluções no fluxo comercial entre os países. Neste ano, a extensão de um ano do programa saiu apenas em 2 de janeiro. O pacote mexicano contra a inflação e para segurança do abastecimento foi criado em maio de 2022 pelo então presidente Andrés Manuel López Obrador. O programa isenta o imposto de importação para produtos que compõem o consumo das famílias mexicanas.

A lista de alimentos com o benefício fiscal inclui carne de aves, carne suína, carne bovina, milho, arroz e ovos, produtos nos quais o Brasil tem forte presença exportadora. O Pacic é considerado crucial para manter a competitividade dos produtos brasileiros no mercado mexicano. Sem a tarifa zerada, o imposto de importação mexicano chega a 75% para carne de frango, a 20% para carne bovina e a 16% para carne suína, o que afeta a competitividade e até torna inviável a exportação de produtos do agronegócio brasileiro. A avaliação do governo brasileiro, apresentada ao governo mexicano, é que a política contribuiu para ampliar a balança comercial entre os países e ajudou a controlar a inflação no México. A continuidade do Pacic garante fluxo corrente crescente para as exportações brasileiras, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, após a missão.

A tentativa de estreitamento das relações comerciais bilaterais encontra justificativa nos números da balança entre os países. Em agosto de 2025, os embarques brasileiros para o México cresceram 43,8% em relação a igual mês do ano anterior, de US$ 549 milhões a US$ 790 milhões, o maior valor percentual entre os principais parceiros. Na sequência, apareceram Argentina (40,4%) e China (29,9%). No entanto, somadas, as vendas ao México ainda representam pouco das exportações brasileiras, 2,6%, ante 1,9% em agosto de 2024. A maior compradora é a China, que atingiu 32,1% de participação na pauta de exportações brasileiras no mês passado, frente a 25,7% em igual mês do ano passado. No acumulado do ano, houve queda de 1,4% nas exportações ao México. Foram US$ 5,033 bilhões vendidos neste ano, ante US$ 5,102 bilhões em 2024, mas a aposta dos setores é de recuperação neste último semestre. Entre os produtos que mais crescem nas exportações estão os agropecuários, sobretudo as carnes.

No último mês, por exemplo, o México se tornou o segundo principal destino da carne bovina brasileira exportada, com 13,301 mil toneladas e receita de US$ 75,224 milhões, aumento de 301% em um ano, posto que era dos Estados Unidos antes do tarifaço de 50% sobre produtos importados brasileiros. Aberturas recentes de mercado reforçam essas trocas. Em agosto, ao fim da missão brasileira, o México autorizou a entrada de farinhas bovinas e suínas do Brasil, mercado de US$ 1 bilhão. O Brasil abriu o mercado para derivados de atum mexicanos e prevê formalizar a importação de pêssego e aspargos provenientes do México. Entre 422 mercados abertos desde o início de 2023, o maior resultado econômico foi obtido com as aberturas para o México, com quase US$ 1 bilhão na ampliação comercial desses produtos e 50% das trocas, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Ainda neste mês, o México deve habilitar 14 novos frigoríficos brasileiros para exportação de carne bovina ao país. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.