09/Sep/2025
Segundo Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros imposto pelos Estados Unidos não é apenas uma questão administrativa, mas reflete uma nova configuração geopolítica. Medidas como o “tarifaço” estão inseridas em estratégias mais amplas do governo norte-americano e vão além de simples negociações comerciais. Não é uma questão que se resolve em um telefonema do presidente Lula, pois é parte de uma nova geopolítica. Ele ressaltou a importância do setor privado norte-americano na negociação de tarifas, citando experiências anteriores com cotas para o alumínio e aço e a criação de um instituto em Washington, que atua como um canal de representação permanente do Brasil junto ao governo e setor empresarial norte-americano.
O diplomata apontou alternativas estratégicas para o comércio brasileiro, como a exportação via Paraguai, que mantém relações comerciais favoráveis com os Estados Unidos e tarifas mínimas. Ele reforçou a necessidade de o Brasil ter uma estratégia nacional clara e sistemática, destacando a concentração de exportações na Ásia e a urgência de diversificação de mercados. Hoje, a Ásia recebe 50% das exportações brasileiras, 40% vão para a China. Então, é preciso fazer esses acordos com a Ásia. O Brasil precisa agir com autonomia e planejamento estratégico, sem depender de terceiros. O que vale é o interesse de cada um. Rubens Barbosa afirmou que não vai haver movimento na área comercial se não houver gesto político do governo brasileiro. A solução passa por um contato direto entre líderes: o gesto político precisa ser uma ligação do presidente Lula ao Trump.
O Brasil precisa agir de forma concreta e imediata: se o presidente Lula não quiser telefonar para Trump, há alternativas, como enviar o vice-presidente Geraldo Alckmin ou outro representante de alto nível, garantindo pelo menos a tentativa de contato diplomático. Segundo o diplomata, as tarifas de 50% aplicadas a produtos brasileiros não podem ser analisadas apenas sob a ótica econômica. Essa tarifa não é uma coisa isolada para atrair investimento, para reduzir o déficit, é parte de uma estratégia do establishment norte-americano, de contenção e de imposição da hegemonia norte-americana nesse século XXI. O ex-embaixador ressaltou ainda a importância de diversificar mercados e adotar estratégias de longo prazo. Ele citou exemplos históricos de negociações bem-sucedidas mediadas pelo Brasil nos Estados Unidos e alertou para a necessidade de o País ter planejamento estratégico sistemático, algo que ainda não existe de forma consolidada.
A senadora Tereza Cristina afirmou que o governo federal errou ao não manter um canal de diálogo com os Estados Unidos, apontando atraso do País nas negociações comerciais sobre a tarifa de 50% aos produtos exportadores. Tanto empresários quanto representantes de governos estaduais tentam medidas paliativas, mas a solução depende de iniciativa federal. É necessário que o presidente da República tome a frente. O atraso brasileiro ocorre enquanto outros países avançam em conversações com os Estados Unidos, como China, Vietnã, Indonésia e União Europeia. O Brasil está totalmente fora desse processo. Sobre a atuação da família Bolsonaro, a senadora desconversou, afirmando que as ações de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) são de “um filho em defesa do pai”. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.