09/Sep/2025
Segundo o Insper Agro Global, mudanças recentes na política comercial dos Estados Unidos representam um “choque” para o Brasil e o setor agropecuário. Os Estados Unidos estão adotando um modelo de substituição de importações combinado com atração de investimentos. Isso é um choque porque as instituições do pós-guerra foram criadas pelos Estados Unidos justamente para liberalizar o comércio global. E agora o país mais globalizado decide elevar tarifas, substituir importações e atrair indústrias, fechando o mercado para seus concorrentes. A visão de comércio do presidente norte-americano, Donald Trump, trata a economia como um “jogo de soma zero”, desconsiderando as vantagens comparativas consolidadas ao longo de séculos.
Toda a experiência de 250 anos de economia mostra que existem vantagens comparativas que justificam que o Brasil produza soja e carne na Região Centro-Oeste, enquanto a China compra produtos que não consegue produzir sozinha. O “neomercantilismo” norte-americano ameaça desarranjar cadeias globais de suprimento e afetar profundamente o agro, não apenas na relação bilateral com o Brasil, mas também nas interações dos Estados Unidos com outros países. Mais do que clientes, os Estados Unidos são concorrentes. Historicamente, dominaram soja, milho, algodão e carne bovina, e nos últimos anos o Brasil passou a ganhar espaço, principalmente no mercado chinês. Os norte-americanos tentarão retomar parte desse espaço.
A preocupação do setor não se limita à volatilidade tradicional do agro, mas envolve a incerteza, a disrupção e a desordem. O País não está diante de uma nova ordem internacional, mas sim entrando em um longo e penoso período de desordem internacional. o curto prazo, é essencial retomar canais de negociação com os Estados Unidos, tarefa prioritária do governo, e estruturar a representação permanente do Brasil nos Estados Unidos. Também é importante ampliar o acesso a outros mercados, diversificar produtos e capacitar pessoas para lidar com questões geopolíticas. O agro brasileiro “carrega a balança comercial nas costas” e é o setor mais exposto às transformações globais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.