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05/Sep/2025

Queda de exportações do Brasil aos EUA em agosto

A queda de 18,54% nas exportações do Brasil para os Estados Unidos em agosto de 2025 foi puxada justamente pelos produtos que ficaram de fora da tarifa extra de 40% imposta pelo governo norte-americano. As exportações de produtos no rol das exceções caíram 20,10% no período, de US$ 1,639 bilhão para US$ 1,310 bilhão. A diferença, de US$ 329,322 milhões, equivale a cerca de 52% da baixa total nas remessas, que passaram de US$ 3,391 bilhões para US$ 2,762 bilhões. Já as vendas de produtos fora da lista de exceções, ou seja, sujeitos à tarifa extra de 40%, caíram só 17,08%, de US$ 1,752 bilhão para US$ 1,453 bilhão. O levamento tomou como base dados divulgados nesta quinta-feira (04/09) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). A lista de exceções do governo norte-americano compreende 694 produtos quando considerado o código HTSUS, usado pelo país, ou 379 quando se leva em conta a classificação de seis dígitos do Sistema Harmonizado (SH6).

Para chegar aos números, foi feito cruzamento da lista em HTSUS com as informações disponibilizadas pelo MDIC em SH6. Por causa das diferenças entre os dois sistemas, os resultados são aproximados. O Departamento de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC ponderou que a queda nas exportações para os Estados Unidos em agosto não é exclusivamente atribuída ao tarifaço que entrou em vigor há cerca de um mês. Por exemplo, as exportações de suco de laranja, não tarifado pelos norte-americanos, subiram em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2024. Ao mesmo tempo, as exportações de café, que foi objeto do tarifaço, também aumentaram no mês passado. Por outro lado, as exportações de alguns produtos caíram mesmo não estando sujeitos às tarifas. É o caso de aeronaves (-84,9%), óleos combustíveis (-37%), minério de ferro (-100%) e celulose (-22,7%), que não estão sujeitos à majoração de tarifas mais recente dos Estados Unidos.

Muito provavelmente, a incerteza que teve em relação à tarifa em julho gerou uma antecipação de embarques, que fez com que as vendas de alguns produtos mesmo não tarifados caíssem em agosto, e as vendas de outros produtos tarifados caíram, provavelmente em razão de novas tarifas. Em 9 de julho, uma carta do presidente norte-americano Donald Trump indicou que o Brasil seria sobretaxado, mas essa confirmação só veio no dia 30 de julho, com uma ordem executiva que trouxe uma longa lista de exceções. A entrada em vigor das tarifas começou no dia 6 de agosto. Claro que há outros movimentos de mercado, de demanda, de atividade econômica, porque esses movimentos de crescimento e queda são causados por muitos fatores. Um choque tarifário como o que tem acontecido é determinante para movimentos de queda nas exportações, como no caso das vendas do Brasil aos Estados Unidos em agosto. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações de produtos brasileiros para os Estados Unidos caíram 18,5% em agosto (US$ 2,762 bilhões), primeiro mês de vigência da taxa de 50% aplicada pelo governo Donald Trump aos produtos brasileiros, ante agosto de 2024.

No ano, de janeiro a agosto, as vendas de produtos brasileiros aos Estados Unidos cresceram 1,6%, somando US$ 26,576 bilhões. As importações de produtos norte-americanos cresceram 4,6% em agosto (US$ 3,994 bilhões), em comparação ao mesmo mês de 2024. Nos oito meses de 2025, as compras vindas dos Estados Unidos cresceram 11,4%, o equivalente a US$ 29,970 bilhões. Para o Departamento de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, “é certo” que o comércio do Brasil com os Estados Unidos vai cair em função do tarifaço, mas ainda não é possível saber a magnitude dessa queda. Aumenta preço com tarifas reduz a demanda, esse é o movimento natural, a não ser que o produto seja muito competitivo ou tenha uma elasticidade de consumo baixa. É preciso observar o movimento de comércio para chegar a um diagnóstico mais claro. O movimento das exportações aos Estados Unidos nos próximos meses vai depender do comportamento do consumidor e de exceções às tarifas, até porque são exportados aos Estados Unidos muitos bens essenciais.

Não há como aferir quais países estão absorvendo os produtos que eram direcionados aos Estados Unidos. No mês passado, na comparação com agosto de 2024, houve queda nas exportações para os Estados Unidos dos seguintes produtos: aeronaves e partes de aeronaves (-84,9%); produtos semi acabados de ferro e aço (-23,4%); óleos combustíveis (-37%); açúcar (-88,4%); minério de ferro (-100%, ou seja, não foram exportados); máquinas de energia elétrica (-45,6%); carne bovina fresca (-46,2%); motores e máquinas não elétricos (-60,9%); celulose (-22,7%); e madeira parcialmente trabalhada (-39,9%). Alguns produtos caíram mesmo não estando sujeitos às tarifas. É o caso de aeronaves, óleos combustíveis, minério de ferro e celulose, que não estão sujeitos à majoração de tarifas. Em julho, houve crescimento de 7,0% das exportações aos Estados Unidos. Em agosto, houve queda de 18,5%. Isso permite a leitura de que houve uma antecipação em julho. No caso do aço semiacabado, que teve queda no mês passado, houve relação direta com o aumento da tarifa de exportação, que começou em março deste ano.

É muito provável que as quedas das vendas de açúcar, máquinas e carne bovina estejam relacionadas às tarifas, que elevam os preços e reduzem a demanda. O aumento de preços de produtos não está ligado a tarifaço, depende da estrutura de mercado. Se for um consumidor muito relevante e o exportador queira manter esse mercado, ele pode reduzir um pouco o preço para que o seu produto continue competitivo nos Estados Unidos. Entre produtos cujas exportações aos Estados Unidos subiram em agosto, está o suco de laranja, produto não tarifado. Ao mesmo tempo, as exportações de café, que foi tarifado, também aumentaram no mês passado. Para a MB Associados, o Brasil deverá registrar um déficit comercial de cerca de US$ 7,0 bilhões com os Estados Unidos neste ano. A relação deficitária do Brasil com os Estados Unidos tem sido usada como argumento pelo governo brasileiro para rejeitar o tarifaço imposto pela administração do presidente norte-americano. O déficit comercial acumulado com os Estados Unidos no ano até aqui é de US$ 3,4 bilhões. De janeiro a agosto, as vendas de produtos brasileiros aos Estados Unidos cresceram 1,6%, somando US$ 26,576 bilhões.

Ainda assim, o número é mais baixo do que o total comprado pelo Brasil dos Estados Unidos, que soma US$ 26,576 bilhões nos primeiros oito meses do ano, e por isso o déficit comercial. Se seguir nesse ritmo, o déficit pode passar dos US$ 7 bilhões. Os Estados Unidos não vão poder reclamar, mas a questão das tarifas é claramente política, não é econômica. A despeito da queda nas vendas para o mercado norte-americano, nos últimos meses, é possível ver uma recuperação na compra de produtos brasileiros feita pela Argentina. Claro que em termos absolutos não supre a perda com os Estados Unidos, mas é um crescimento importante. O quadro geral da balança comercial à frente é de acomodação tanto das exportações, quanto das importações. Pelo lado dos embarques, a desaceleração só não será maior por conta de commodities agrícolas, como milho e soja. Nas importações, deve seguir a perda de ritmo, em linha com um crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB). No cômputo geral, o superávit comercial brasileiro de 2025 tende a ser cerca de 20% menor do que o de 2024, quando houve saldo positivo de US$ 74,6 bilhões. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.