05/Sep/2025
O secretário de Estado adjunto dos Estados Unidos, embaixador Christopher Landau, disse expressamente a representantes do setor privado brasileiro, na quarta-feira (03/09), que o tarifaço de 50% aplicado ao Brasil depende de uma solução a "impasses políticos". O recado foi dado a uma comitiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (AmCham Brasil), recebida por ele em Washington. Segundo a CNI, Landau colocou que o assunto passa por soluções políticas. O diplomata norte-americano deixou claro que o tarifaço tem fundo político. Duas das principais confederações de empresas do País, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), defenderam que o Brasil não prejudica os Estados Unidos, tampouco adotou políticas ou medidas que tenham onerado ou restringido o comércio norte-americano.
As manifestações ocorreram durante audiência pública na investigação aberta pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), com base na Seção 301 da Lei de Comércio. O representante da CNI foi o embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele argumentou que o Brasil não adotou atos, políticas ou práticas injustificáveis e que tenham onerado ou restringido o comércio dos Estados Unidos. Com uma tarifa efetiva de 2,7%, os produtos norte-americanos estão sujeitos às menores tarifas entre os parceiros comerciais do Brasil, exceto o Mercosul. A CNA defendeu a competitividade do agronegócio brasileiro a partir de investimentos em inovação. A competitividade do agro brasileiro decorre de fundamentos legítimos, como os recursos naturais e investimentos contínuos em inovação, e não por práticas desleais de comércio.
Ainda, o governo Donald Trump admitiu que o advogado bolsonarista Ricardo Freire Vasconcellos participe do processo de investigação comercial da Seção 301, aberto por supostas práticas concorrenciais desleais do Brasil. O advogado, favorável ao tarifaço, defendeu por escrito que militares dos Estados Unidos monitorem e fiscalizem as eleições presidenciais de 2026. Segundo Vasconcellos, que é cidadão norte-americano, ele vai falar em nome de seus clientes cumprindo a função de advogado. Ele representa o Congresso Conservador Brasileiro nos Estados Unidos (CCB-USA). O advogado pediu que o USTR inclua um tópico sobre "corrupção, opacidade eleitoral e repressão" no âmbito da apuração da Seção 301, "por seus efeitos comerciais e geopolíticos". Sugeriu ainda que o Brasil não seja mais reconhecido como "democracia funcional até que haja garantia formal de apuração pública de votos em 2026".
O deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que o esforço dos empresários brasileiros para tentar reduzir as tarifas dos Estados Unidos ao Brasil só será efetivo se a pressão for feita em Brasília. "O primeiro passo é votar a anistia", reiterou. "Está muito claro que não é uma questão comercial. Então, a melhor maneira para você solucionar isso é em Brasília, não é aqui", disse o deputado nesta quinta-feira (04/09). Na visão de Eduardo Bolsonaro, o primeiro passo para reduzir as tarifas para o Brasil é a votação de uma lei de anistia. "Se nós votarmos a anistia, eu te asseguro com tranquilidade, a gente vai sentar na mesa. A gente não, porque eu não estarei nessa mesa. Mas quem quer que venha aqui negociar, estará sentado em uma melhor posição junto ao governo Trump", disse. "Eu tenho absoluta certeza, vai reduzir tarifa, talvez zerar, enfim", acrescentou.
Eduardo Bolsonaro disse que foi convidado para participar de conversa com empresários sobre os impactos comerciais e estratégias para aprofundar a parceria econômica entre os Estados Unidos e o Brasil. Contudo, não está no evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no âmbito da comitiva da iniciativa privada, que veio a Washington para tentar rever o tarifaço do presidente Donald Trump ao Brasil. O parlamentar está se encontrando com empresários em paralelo. "Então, aqui um dos principais recados que certamente vamos conversar com os empresários brasileiros, é reforçar aquilo que foi dito pelo Christopher Landau, o '02' do Marco Rubio, que a pressão a ser feita é em Brasília e que sendo aprovada uma anistia ", disse. Ele afirmou ainda que não é uma "anistia para inglês nem para norte-americano ver". "É uma anistia de verdade, aí você coloca o Brasil em uma boa posição para negociar essa questão das tarifas", concluiu. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.