04/Sep/2025
O dólar fechou em alta ante o Real nesta terça-feira (02/09), na esteira de fortes ganhos da moeda norte-americana no exterior impulsionados por temores fiscais, enquanto na cena doméstica o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado ficou no radar. O dólar fechou em alta de 0,66%, a R$ 5,47. Os movimentos do Real tiveram como pano de fundo a força do dólar nos mercados globais diante da aversão ao risco provocada pelo acirramento da preocupação dos agentes financeiros com a situação fiscal nas principais economias do mundo, em particular dos Estados Unidos. Na reabertura do mercado norte-americano após feriado na véspera, os investidores reagiram negativamente à decisão de sexta-feira (29/08) de um tribunal de recursos que considerou ilegal a maioria das tarifas do presidente norte-americano Donald Trump, ameaçando uma importante fonte de receita para o país.
Os receios com a crescente dívida federal dos Estados Unidos têm aumentado desde a aprovação de um projeto de lei de cortes de impostos pelo Congresso neste ano, levando membros do governo a defenderem as taxas de importação como uma forma de controlar os déficits por meio da arrecadação. Os temores fiscais também se estenderam pela Europa, onde os investidores demonstraram receios com a situação fiscal de França e Reino Unido, duas fortes economias cujos desempenhos podem impactar o continente como um todo. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,69%, a 98,318. Na cena doméstica, o mercado nacional monitorou o início do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (02/09), exibindo preocupação de que uma condenação do ex-presidente possa levar ao agravamento do impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos.
Quando Donald Trump anunciou a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros em julho, ele vinculou a decisão à suposta "caça às bruxas" de que Bolsonaro seria vítima. A probabilidade de retaliação contra o Brasil também deixou os investidores mais avessos ao risco. Segundo a Ebury, o tom de cautela pode surgir novamente com o início do julgamento de Bolsonaro. Isso deve acontecer devido à apreensão quanto a possíveis novas sanções contra o Brasil pelo presidente Trump. Na frente de dados, o IBGE informou que o PIB brasileiro cresceu 0,4% no trimestre de abril a junho, desacelerando em relação à expansão de 1,3%, em dado revisado para baixo, registrada no trimestre anterior. O resultado confirmou a expectativa de desaceleração da economia brasileira diante de uma política monetária restritiva no País, com o Banco Central sinalizando que manterá a taxa de juros no patamar atual de 15% ao ano por período bastante prolongado. Na máxima do dia, o dólar atingiu R$ 5,50 (+1,14%). Na mínima, a moeda foi a R$ 5,44 (+0,02%). Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.