04/Sep/2025
O sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo, disse que o agronegócio brasileiro tem hoje expansão histórica no volume de produção, mas o País ainda é pouco ativo nas negociações internacionais, defendendo a aceleração da assinatura de acordos bilaterais. Durante participação no 12º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, realizado em São Paulo, ele citou essas negociações como fundamentais para apoiar o crescimento robusto da produção, com destaque para soja, milho e algodão. “O Brasil precisa fazer acordos bilaterais. Temos apenas três, enquanto o Chile, um país menor, tem 45. Nossa tarifa média é de 13,2%, contra 8% dos países da OCDE e 4% a 5% dos emergentes”, alertou.
Ao comentar a guerra comercial, ele citou os riscos envolvidos com o tarifaço imposto pelos Estados Unidos. “Abrir um novo mercado é uma das tarefas mais difíceis que existe. Qualquer mercado tem que ser muito comemorado. Perder um mercado desses é doloroso demais”, afirmou. O consultor também chamou atenção para a dependência brasileira de insumos externos, especialmente da Rússia, e para o impacto de tarifas adicionais sobre produtos exportados aos Estados Unidos. “Não podemos transformar dificuldades em crise. Temos que negociar e buscar soluções diplomáticas”, ressaltou. Apesar dos avanços, Cogo advertiu que o ambiente internacional segue desafiador.
“O governo está muito passivo diante de um setor tão importante. Precisamos nos preparar e nos defender, criando melhores condições para novos investimentos e ampliando nossa logística”, disse. Para ele, o futuro dependerá da capacidade do País em alinhar competitividade produtiva com estratégia internacional. “O agro brasileiro deve estar preparado. Temos muito a oferecer, mas precisamos transformar nossa força em presença nos mercados globais”, concluiu. Na avaliação de Cogo, a competitividade conquistada pelo agro brasileiro decorre da produtividade crescente, impulsionada por sucessivas safras e pelo uso de tecnologia.
“O que chama atenção não é a produção em si, mas o fato de crescer quase 3% ao ano, durante 30 anos, em produtividade. Isso tem a ver com o trabalho sensacional de pesquisa que está sendo feito”, destacou. Ele também citou o papel do etanol de milho como motor de transformação industrial no País nos próximos anos. “Estamos criando o maior cluster agroindustrial da história do Brasil nos últimos 30 anos. Entre usinas em atividade e projetos em implantação, já são quase 60 unidades. Esse movimento vai consolidar um consumo de 200 milhões de toneladas de milho no futuro”, projetou. Fonte: Broadcast Agro.