04/Sep/2025
O desempenho da atividade econômica tende a continuar enfraquecido no terceiro trimestre, após um segundo trimestre que deve decepcionar. No entanto, na visão de especialistas, medidas do governo contra o tarifaço, o ressarcimento de aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o pagamento de precatórios (dívidas da União, Estados e municípios) podem evitar um resultado ainda pior para o PIB. Pressionada por juros altos, condições de crédito restritivas e as sobretaxas dos Estados Unidos, a indústria é o setor mais vulnerável, enquanto áreas ligadas ao consumo estão de certa forma protegidas pelo mercado de trabalho ainda aquecido. Para a Tendências Consultoria, embora o mercado de trabalho venha dando suporte à demanda, está se aproximando o momento da desaceleração generalizada da economia.
A política monetária é fortemente contracionista e existe uma defasagem para a atividade real, quando a economia efetivamente começará a sentir esses aumentos da Selic (atualmente em 15% ao ano). Para a G5 Partners, o setor industrial tem sido especialmente penalizado pelo mix de juros altos, crédito caro e os problemas ligados às tarifas dos Estados Unidos. Os dados até agora corroboram este início ruim do terceiro trimestre, como os da Anfavea na parte de carros leves, muito próximos de zero, queda da produção de aço e de consumo de energia industrial. O que chamou muita atenção foram os dados do índice de confiança da indústria da Fundação Getúlio Vargas (FGV). As pesquisas realizadas pela FGV em julho e agosto têm mostrado queda na confiança dos agentes. O Índice de Confiança da Indústria recuou 4,4 pontos em agosto, a maior queda para um mês desde a pandemia, encerrando a 90,4 pontos. Na semana passada, o Instituto Aço Brasil alertou que o setor está chegando a seu limite por falta de volume. O índice de ociosidade da indústria desse segmento está em 35%.
Quanto ao crédito, julho mostrou queda de 0,3% nas concessões em termos sazonalmente ajustados e aumento da inadimplência. A desaceleração nas concessões pesa principalmente na demanda por bens “de tíquete elevado” e nas perspectivas de grandes setores, como é o caso da construção civil. O Índice de Confiança da Construção (ICST), apurado pela FGV, caiu 1,1 ponto em agosto ante o mês anterior, para 91,6 pontos, após ter recuado 1,3 ponto em julho. O tarifaço também tem afetado decisões de investimentos, especialmente para o setor exportador que perdeu o mercado norte-americano. Segundo a G5, será possível ver, ao longo deste trimestre, principalmente setembro, e depois no quarto, é se as medidas do governo de ajuda aos setores atingidos serão suficientes para evitar uma desaceleração mais forte da indústria do que já se viu no segundo trimestre.
O que pode ajudar o terceiro trimestre são o pagamento dos precatórios e o ressarcimento aos aposentados. No caso dos precatórios, que somam em torno de R$ 60 bilhões, a conta que se faz é que 30% virem consumo. Sobre o estorno aos aposentados, na casa de R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões, “é consumo na veia”. Para a MB Associados, a desaceleração da economia vem basicamente do efeito da taxa de juros sobre o crédito. A concessão real está desacelerando e em alguns segmentos, mais dependentes de crédito, a desaceleração está mais agressiva e a inadimplência, acelerando. A discussão agora é se com a proximidade da eleição o governo não vai dar mais impulso para conter a desaceleração. É uma situação que o governo vai ter de equilibrar porque só pelo acúmulo da alta de juro a economia arrefeceria demais. Tem de desacelerar a economia, mas não pode deixar que chegue a uma recessão. Crescer 1,5%, 2% no ano que vem é uma boa medida. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.