04/Sep/2025
O governo brasileiro convocou para segunda-feira (08/09), uma reunião virtual de líderes do Brics. O encontro foi articulado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio ao tarifaço de 50% sobre produtos do País imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A data foi definida nos últimos dias, durante consultas diplomáticas aos demais países do bloco. Em julho, o Brasil rompeu uma prática recente durante a Cúpula de Líderes do Brics, no Rio de Janeiro, e não transmitiu a interação entre chefes de Estado e de governo. Coube a cada país divulgar ou não o conteúdo dos discursos dos líderes. Oficialmente, a pauta da reunião não será o tarifaço de Trump em si, mas os presidentes e primeiros-ministros certamente abordarão o tema na sessão de debates. Segundo integrantes do governo brasileiro, a reunião debaterá a crise do multilateralismo, as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza e a Conferência das Nações Unidas para Mudança do Clima (COP30).
Em julho, o grupo emitiu uma declaração apenas indireta sobre o tarifaço. Na ocasião, os líderes dos 11 países evitaram citações aos Estados Unidos e a Trump e citaram apenas “ações restritivas” ao comércio. Os líderes afirmaram que o “aumento indiscriminado de tarifas” ameaça reduzir ainda mais o comércio global, interromper as cadeias de suprimentos e introduzir incerteza nas atividades econômicas e comerciais. Ainda defenderam a Organização Mundial do Comércio (OMC) e incentivaram expandir as trocas de bens e serviços entre países do grupo. Isso se deveu à falta de coesão interna do bloco do Sul Global após a expansão de cinco para onze membros, alguns dos quais cultivam mais proximidade com o governo dos Estados Unidos, e pelo estágio distinto das negociações comerciais. Desde então, o tarifaço se agravou contra o Brasil e a Índia, ambos taxados em 50%, o maior patamar de todos. Alguns países receberam a tarifa mínima global de 10% (Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Egito, Irã e Rússia). A Indonésia fechou com os Estados Unidos um acordo em 19%.
Alvo inicial de Donald Trump, a China teve a tarifa reduzida para 30% e entabulou uma negociação ainda em andamento, que fez algumas exceções que expirariam em agosto serem postergadas para o fim de novembro. A África do Sul sofreu enfrentamentos políticos e foi sobretaxada em 30%. A aposta do governo brasileiro é que será improvável obter alguma declaração mais dura novamente, uma vez que as decisões no Brics são tomadas por consenso. Para o governo Lula, a forma como Donald Trump aplicou o tarifaço, dividindo os países e decidindo caso a caso, complicou uma reação uníssona em algum foro multilateral. O presidente da China, Xi Jinping, o premiê da Índia, Narendra Modi, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reuniram nos últimos em dias em Tianjin para a cúpula da Organização para a Cooperação de Xangai. Na ocasião, o anfitrião chinês se apresentou como alternativa estável de liderança global. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.