28/Aug/2025
A fila de caminhões bitrem descarregando milho impressiona. Com as carretas cheias, os veículos congestionam o entorno do terminal da Rumo, em Rondonópolis, no sul de Mato Grosso, à espera da transposição do grão para os trens. A cena resume a supersafra: colheita recorde, gargalos logísticos e o desafio do escoamento. Dos 345 milhões de toneladas de grãos produzidos na safra 2024/2025, o País só pode armazenar 63%. Os outros 37% não têm onde ser guardados, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Só de Mato Grosso saíram 105,6 milhões de toneladas de milho e soja; cerca de 60% vão seguir pelas rodovias. Mato Grosso é distante dos principais portos. Parte da produção segue por rodovia e hidrovia aos portos do Arco Norte, e outra vai de carreta até o trem em Rondonópolis. Na BR-163, principal rota de escoamento do Estado, dos 655 Km entre Sinop, no centro-oeste, e o terminal da Rumo, no sul, 380 Km estão em duplicação. Com tráfego diário de 79 mil veículos (60% caminhões), conforme a concessionária Nova Rota do Oeste, os congestionamentos são quilométricos.
Construída nos anos 1970, a estrada ainda tem longos trechos em pista simples. De Diamantino a Lucas do Rio Verde já está duplicada, e a segunda pista deve chegar a 444 Km até 2031. Como alternativa, a Rumo e o governo estadual constroem a Ferrovia Estadual de Mato Grosso, entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde, passando por 16 municípios e com ramal até Cuiabá. O projeto prevê 740 Km de trilhos, já recebeu R$ 4 bilhões desde 2023 e deve ganhar mais R$ 1 bilhão. O trecho entre Rondonópolis e o primeiro terminal ferroviário, próximo à BR-070, deve operar em 2026 com capacidade para 10 milhões de toneladas por ano.
Aprosoja e CNA defendem a Ferrogrão, que ligaria Sinop (MT) a Miritituba (PA), com 933 Km e três terminais, reduzindo em 20% o custo logístico (R$ 8 bilhões por ano) e atendendo à futura produção de 144 milhões de toneladas em 2034. O Ministério dos Transportes enviou os estudos à ANTT, que depois seguirá ao TCU e ao leilão. A Pasta também aponta o Corredor Fico-Fiol, de 1.708 Km, em ajustes finais para análise, mas sem prazo para funcionamento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.