28/Aug/2025
Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 4,4 pontos na passagem de julho para agosto, encerrando o mês em 90,4 pontos. Foi a maior queda para um mês desde o período da pandemia. Os 90,4 pontos do índice representam o menor nível desde outubro de 2023. Em médias móveis trimestrais, o ICI acumulou queda de 2,8 pontos, a 94,0 pontos. A queda da confiança da indústria em agosto reforça a tendência de insegurança entre os empresários. As avaliações sobre o momento atual dos negócios evidenciam a preocupação de alguns setores com o acúmulo de estoques.
O momento atual combina política monetária em nível restritivo e incerteza elevada dadas as novas taxações a produtos brasileiros impostas pelos Estados Unidos. O resultado da sondagem está em linha com a complexidade da macroeconomia para o setor industrial no segundo semestre. Um cenário de contração da política monetária e de aumento da incerteza, em virtude das questões externas envolvendo Brasil e Estados Unidos, pode intensificar a desaceleração que já era esperada para o setor. O Índice de Situação Atual (ISA) foi o que mais puxou a queda do ICI como um todo, recuando 3,9 pontos entre julho e agosto, para 93,4 pontos.
Entre os componentes deste segmento, o que mede a situação atual dos negócios foi o destaque negativo ao retroceder 6,1 pontos, maior queda desde janeiro de 2022, para 91,3 pontos. O Índice de Expectativas (IE) contraiu 4,9 pontos, a 87,6 pontos no período, com piora significativa em todos os indicadores que compõem o índice, sendo a mais intensa no ímpeto de contratações. O indicador de expectativas de emprego caiu 5,9 pontos, para 91,2 pontos, alcançando o pior resultado desde junho de 2020. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (Nuci), por sua vez, manteve-se relativamente estável, crescendo 0,1% e atingindo 81,6%.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) caiu em 20 dos 29 setores da indústria em agosto. O indicador varia de 0 a 100 pontos e, quando está abaixo de 50, aponta falta de confiança dos empresários. Com o resultado, o número de segmentos nessa situação subiu de 23 para 25, restando apenas quatro setores confiantes. Em três segmentos a queda foi suficiente para inverter o quadro e levar da confiança para a falta de confiança: manutenção e reparação; impressão e reprodução; e calçados e suas partes. Outros nove setores registraram alta no Icei, mas apenas o de bebidas retomou o patamar de confiança, acima dos 50 pontos.
A alta do pessimismo no mês de agosto em alguns setores se deve ao aumento das tarifas norte-americanas sobre parte das exportações brasileiras. As incertezas no cenário externo, sobretudo pela aplicação das tarifas de importação por parte do governo dos Estados Unidos, têm impactado a confiança de setores industriais que são mais diretamente afetados pela taxação. No recorte regional, embora tenha recuado 0,7 ponto, de 51,5 para 50,8 pontos, a Região Nordeste segue como a única a registrar confiança. Na Região Norte, a queda de 50 para 47,9 pontos levou os empresários de um quadro neutro ao pessimismo.
Na Região Centro-Oeste, houve leve alta de 0,2 ponto, para 47,7, mantendo a falta de confiança. Nas Regiões Sul e Sudeste, recuos de 3,5 e 2,1 pontos, respectivamente, intensificaram o pessimismo dos industriais. Entre os portes, a confiança caiu 2 pontos nas grandes indústrias, 1,2 ponto nas médias e 0,4 ponto nas pequenas. Todos já estavam em terreno negativo e a falta de confiança se agravou com os novos recuos. Para esta edição do Icei Setorial, a CNI consultou 1.818 empresas: 723 de pequeno porte; 649 de médio porte; e 446 de grande porte entre 1º e 12 de agosto de 2025. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.