27/Aug/2025
O dólar subiu ante o Real nesta terça-feira (26/08), na contramão dos movimentos da moeda norte-americana no exterior, conforme a preocupação com a inflação no Brasil ofuscou um movimento de venda de ativos dos Estados Unidos nos mercados globais. Os movimentos do Real estiveram concentrados em fatores domésticos, particularmente na reação dos agentes financeiros às surpresas altistas nos dados do IPCA-15 de agosto, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA-15 teve queda de 0,14%, após avanço de 0,33% no mês anterior, registrando deflação em agosto pela primeira vez em dois anos graças à incorporação do chamado Bônus de Itaipu nas contas de energia e à queda nos preços dos alimentos.
Se em um primeiro momento o mercado nacional reagiu bem aos números, com o dólar chegando a recuar frente ao Real, a análise mais aprofundada do relatório sugeriu um cenário mais pessimista para a inflação no País. Segundo a Suno Research, do ponto de vista do qualitativo, os dados registraram uma leve piora na passagem de julho para agosto. Itens importantes e monitorados pelo Banco Central apresentaram uma alta acima do esperado. Na esteira do crescente incômodo com os dados de inflação, os investidores passaram a vender a moeda brasileira, em um sinal de desconfiança na capacidade do País de controlar a alta dos preços.
Segundo a Manchester Investimentos, a sessão iniciou com o mercado aliviado com o IPCA-15, que foi uma deflação, acima do esperado. Mas, o mercado avaliou que foi um ajuste pontual e não recorrente, por isso que o dólar virou. Na cotação máxima, o dólar atingiu R$ 5,44 (+0,64%). A mínima foi de R$ 5,39 (-0,28%), logo após a abertura. No cenário externo, por outro lado, o dia foi de queda da moeda norte-americana ante seus principais pares, à medida que os investidores se afastaram dos ativos dos Estados Unidos na esteira da tentativa do presidente norte-americano, Donald Trump, de demitir a diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Lisa Cook.
Donald Trump pediu que Cook renunciasse em 20 de agosto, depois que a Agência Federal de Financiamento Habitacional dos Estados Unidos acusou-a de reivindicar duas de suas hipotecas como residências principais. A diretora respondeu que o presidente não tem autoridade de demiti-la. Desde que Trump retornou à presidência dos Estados Unidos em janeiro, ele vem pressionando as autoridades do Fed a reduzirem a taxa de juros, o que ainda não aconteceu, despertando nos mercados a preocupação de desgaste da independência do banco central. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,21%, a 98,265. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.