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27/Aug/2025

Fiagros viabilizam financiamento privado do Agro

Segundo a eB Capital, o principal objetivo das gestoras de Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustrriais (Fiagros) é desenvolver produtos bem estruturados que proporcionem clareza aos investidores. O que o investidor realmente deseja é simplicidade. Os desafios enfrentados pelos gestores nos últimos anos resultaram em um aprendizado significativo, cujo legado é a transparência. Esta mudança tem auxiliado os investidores a tomarem decisões mais informadas e acertadas. Olhando para o futuro, o maior desafio será minimizar as oscilações do mercado. O foco é entender como fazer o investidor sofrer menos com as volatilidades. Segundo a XP, a percepção de que os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) estariam ameaçados pela onda de pedidos de recuperação judicial no agronegócio foi "exagerada" e não correspondeu à realidade dos fundos Os números que mostraram um salto de 138% nas recuperações entre 2023 e 2024 foram interpretados de forma distorcida. A percepção de risco foi maior do que a realidade dos Fiagros.

A fase de prosperidade entre 2020 e 2022 levou muitas empresas do agronegócio a ampliarem investimentos e a se endividar, mas a sequência de quebra de safras, o aumento de custos e a queda de margens tornou a situação financeira mais difícil a partir de 2023. Isso se refletiu no crescimento de pedidos de proteção judicial, mas, a maior parte do movimento foi composta por produtores pessoa física, e não por devedores ligados diretamente aos fundos. Criados pela Lei 14.130 de 2021, os Fiagros foram estruturados de forma semelhante aos fundos imobiliários, mas direcionados especificamente ao agronegócio. Eles permitem que investidores pessoas físicas e jurídicas apliquem recursos em ativos ligados ao setor (desde imóveis rurais e recebíveis do agro, como CPRs e CRAs, até instrumentos de crédito privado) e recebam rendimentos periódicos. A proposta é ampliar as fontes de financiamento para o agro além do crédito bancário tradicional. O pessimismo inicial contaminou a classe de ativos de forma desproporcional.

Casos específicos, como o da AgroGalaxy, chamaram atenção, mas não representam a regra. Mesmo aqueles que tiveram algum waiver (dispensa temporária de obrigação contratual) ou reestruturação não apresentaram risco sistêmico. A maioria dos Fiagros manteve carteiras saudáveis e atravessou o período difícil sem grandes impactos. Dados mais recentes indicam uma recuperação de desempenho em 2025. Enquanto em 2024 a performance média dos Fiagros ficou abaixo da dos fundos de papel, este ano o cenário se inverteu: os Fiagros acumulam retorno médio de 22%, contra 9% dos pares. Houve uma inversão importante e os Fiagros voltaram a se destacar. Os fundos negociam hoje a preços descontados em relação ao valor patrimonial e com rendimentos atrativos, em alguns casos superando 15% projetados para os próximos 12 meses. A XP incorporou a classe à sua carteira recomendada de renda total, criada em maio, justamente pelo potencial de valorização. São avaliações de preço atrativas, com boa margem de segurança para o investidor.

Apesar da taxa Selic elevada e da existência de produtores ainda bastante endividados, a melhora nas margens do agro e a recuperação dos preços das commodities sustentam uma visão mais construtiva para o segmento. Olhando friamente, o preço hoje oferece muita oportunidade. Para a Valora Investimentos, com o crescimento acelerado do agronegócio brasileiro, o governo provavelmente não terá capacidade de financiar integralmente o setor, abrindo espaço para que o mercado privado assuma esse papel. As oportunidades atuais no agronegócio, impulsionado por taxas de crescimento comparáveis às chinesas, podem não existir daqui a um ano. Nesse cenário, Fiagros surgem como um dos principais mecanismos para sustentar o crescimento e viabilizar o financiamento privado. É importante separar as boas oportunidades das ruins, um desafio que as gestoras devem enfrentar para oferecer as melhores opções aos investidores. Apesar da preocupação com a taxa básica de juros, o agronegócio brasileiro se destaca por sua resiliência e capacidade de resistência a adversidades. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.