27/Aug/2025
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira (26/08) que as alegações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo as quais o Brasil é a nação mais favorecida, com tarifa média nominal de 3,3% consolidada no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), não procedem. Apesar das alegações de elevado perfil tarifário global do Brasil, a tarifa média efetivamente aplicada aos produtos norte-americanos pelo Brasil é de 2,7%, contra 3,3% dos Estados Unidos. Além disso, oito dos principais produtos de exportação dos Estados Unidos para o Brasil entram com tarifa zero, o que representa 74% de todas as exportações norte-americanas para o Brasil. Tampouco se sustenta a alegação de que o Brasil trataria os Estados Unidos de modo discriminatório na comparação com outros países.
Todas as tarifas brasileiras respeitam o princípio da nação mais favorecida, conforme as regras da OMC, e não são aplicadas seletivamente conforme o país, ao contrário do que tem acontecido com os Estados Unidos em relação ao Brasil. De acordo com o ministro de Relações Exteriores, as únicas exceções a essas regras são os países com os quais o Brasil mantém acordos de livre comércio ou de preferências comerciais, dentre os que figuram, por exemplo, o México e a Índia, mencionados expressamente pelos Estados Unidos em suas queixas contra o Brasil, além de outros como grande parte dos membros da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). Esses acordos, no entanto, estão integralmente em linha com as regras da OMC e com a prática multilateral do comércio.
Não há nenhuma ilegalidade ou tratamento discriminatório concedido sobre esses arranjos, que funcionam de maneira similar ao tratamento dado pelos Estados Unidos, por exemplo, as exportações do México e do Canadá, sob o seu acordo regional de comércio, o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA). Todos esses dados demonstram de modo evidente que as alegações de desequilíbrio ou tratamento injusto por parte do Brasil aos Estados Unidos em suas relações comerciais não procedem. É fundamental destacar que, em que pese a plena convicção do Brasil quanto a esses fatos, o País não permanece inerte diante das manifestações dos Estados Unidos sobre a relação de comércio entre os dois países. O governo do presidente Lula, desde o início do ano, manteve intenso diálogo com autoridades norte-americanas em diversos níveis, sempre buscando demonstrar a realidade dos fatos e disposição para negociar.
Nesse sentido, Mauro Vieira informou que manteve contato telefônico com o USTR (United States Trade Representative) em ao menos duas ocasiões entre março e abril. O vice-presidente Geraldo Alckmin também fez o mesmo em relação ao secretário de Comércio dos Estados Unidos, em duas ocasiões nesse mesmo período. Além disso, desde março deste ano foram mantidas seis reuniões virtuais e uma reunião presencial em Washington (EUA), em nível técnico elevado, capitaneadas por representantes do Itamaraty e do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços. Em 6 de maio, foram enviadas aos Estados Unidos propostas diárias que poderiam ensejar negociações, com vários temas que foram objeto de queixas de parte dos países, nos relatórios do USTR sobre o comércio bilateral. Essa proposta, no entanto, jamais foi respondida. Ao contrário, no dia 9 de julho, o presidente Donald Trump divulgou em suas redes sociais carta dirigida ao presidente Lula. O presidente Lula reiterou que esses dados são inverídicos quanto ao comércio bilateral. Não faltou determinação para o diálogo por parte do Brasil, conclui o ministro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.