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27/Aug/2025

Expansão de marcas chinesas de eletroeletrônicos

Marcas chinesas de eletroeletrônicos estão vencendo o preconceito de que seus produtos são baratos e de qualidade duvidosa. Prova disso é que, nos últimos tempos, o que se vê é que essas marcas caíram no gosto dos brasileiros. Neste ano, pela primeira vez a participação de fabricantes chineses nas vendas de geladeiras, lavadoras, aparelhos de ar-condicionado, TVs, computadores, eletroportáteis, smartphones já respondem por mais de 20% do faturamento do varejo nacional de eletroeletrônicos. Outro sinal de confiança nas marcas chinesas é que a venda online desses itens este ano superou pela primeira vez a das lojas físicas. No primeiro semestre de 2025, a fatia das marcas chinesas no total das vendas de eletroeletrônicos no País representou 21% do faturamento. No mesmo período do ano passado, chegou a 20%. Até 2019, a participação girava em torno de 16%, apontam dados da consultoria NielsenIQ, que acompanha as vendas na ponta, com os varejistas, o chamado sell-out.

A expansão das marcas chinesas no setor de eletroeletrônicos é uma tendência em aceleração. O movimento reflete os expressivos investimentos realizados recentemente por empresas da China em fábricas instaladas no Brasil, com o objetivo de produzir localmente. Além disso, as empresas chinesas têm feito aportes significativos para a construção de marcas no varejo. Investem em patrocínios esportivos e até em painéis de rua, por exemplo. O investimento contínuo deve avançar. Por questões contratuais, a NielsenIQ não divulga quais são as marcas avaliadas no levantamento nem as suas respectivas participações de mercado em cada segmento. Mas, o que se nota é que, desde meados de 2023, gigantes chinesas de eletroeletrônicos, como Gree, Midea, Hisense e TCL, por exemplo, iniciaram uma ofensiva no mercado brasileiro, avaliado como de grande potencial de consumo para itens das linhas branca (geladeiras e lavadoras, por exemplo) e marrom (aparelhos de áudio e vídeo).

Mais recentemente, marcas chinesas de smartphones Oppo e Jovi chegaram ao mercado com opções de aparelhos premium para competir com nomes como Samsung, Motorola e Apple. A ofensiva das fabricantes chinesas a partir de 2020 marcou o início de uma terceira onda de empresas asiáticas no segmento de eletroeletrônicos no País. Nos anos 1990, houve crescimento das japonesas. E na década seguinte, foi a vez das sul-coreanas. Segundo a Eletros, que reúne os fabricantes do setor, o mercado brasileiro de eletroeletrônicos é extremamente atrativo para muitos países e muitos investidores. Com 212 milhões de habitantes e dimensões continentais, é possível vender todos os tipos de produtos simultaneamente. Por exemplo, enquanto na Região Norte é calor, e a procura por ventiladores e aparelhos de ar-condicionado cresce, na Região Sul o inverno é intenso e as vendas de aquecedores crescem. Isso garante equilíbrio na receita da indústria o ano todo.

A presença de alguns produtos também é baixa: o ar-condicionado, por exemplo, 80% dos domicílios não têm o equipamento. Em televisores a penetração chega a 95% dos lares, porém faz anos que a produção anual se mantém na casa de 12 milhões de aparelhos, sinal de que a renovação tecnológica faz com que o brasileiro troque constantemente de equipamento. A Eletros aponta outro fator que tem feito empresas chinesas investirem na produção local. A China identificou que ter indústrias somente no seu território pode criar problemas em momentos de crise, como ocorreu na pandemia, quando as exportações ficaram inviabilizadas. Depois da pandemia, a China está expandindo seus negócios pelo mundo. Se houver necessidade de fechar o país por algum motivo, a economia não vai estar tão abalada e o Brasil é um ponto de atenção e investimento para o capital chinês. O estudo da NielsenIQ também mostra que, em 2024, a participação das marcas chinesas no mercado brasileiro de eletroeletrônicos cresceu mais em valor do que em número de unidades vendidas.

De três anos para cá houve uma mudança de paradigma: as marcas chinesas passaram a atuar em segmentos de produtos mais premium. Automaticamente, há um aumento maior em valor de vendas do que em volume. Os fabricantes chineses estão posicionados em produtos de tíquete médio alto, como TVs com telas maiores, computadores mais robustos, processadores sofisticados, lavadoras de roupa do tipo lava e seca, e geladeiras com bastante tecnologia, por exemplo. Há uma quebra do paradigma de que marcas chinesas têm atuação em segmento de entrada, produtos mais simples e, portanto, mais baratos. Outro indicativo de que as chinesas estão quebrando tabus e conquistando a confiança dos brasileiros é que, neste ano, pela primeira vez as vendas online em número de unidades de itens chineses superaram as vendas da loja física, com uma fatia de 54%, ante 46% do varejo tradicional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.