22/Aug/2025
O dólar fechou perto da estabilidade ante o Real nesta quinta-feira (21/08), com a moeda brasileira registrando um desempenho melhor que a maioria de seus pares, conforme o diferencial de juros ainda grande entre Brasil e Estados Unidos contribuiu para proteger a divisa das pressões domésticas e externas. O dólar fechou em alta de 0,08%, a R$ 5,47. Os movimentos da moeda brasileira variaram em uma faixa estreita na sessão, enquanto globalmente o dólar avançava sobre divisas fortes e emergentes na esteira de reajustes na perspectiva para a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Um dia antes de aguardado discurso do chair do Fed, Jerome Powell, no simpósio econômico de Jackson Hole, os mercados foram surpreendidos com uma pesquisa PMI, da S&P Global, que mostrou que o setor industrial do país retomou o crescimento em agosto.
Com isso, operadores reduziram a 70% a chance de o Fed retomar os cortes na taxa de juros a partir de setembro, segundo dados da LSEG, ante uma probabilidade de 84% no dia anterior. A mudança impulsionou o dólar, que se beneficia de um patamar mais alto para os custos dos empréstimos. Segundo a StoneX, o cenário da economia norte-americana é bastante complexo e incerto, tem dúvidas importantes. Por isso, o discurso de Powell vai ser importante. Em Jackson Hole, ele costuma trazer mensagens importantes sobre a política monetária, e os investidores querem saber como é que ele está enxergando esse balanço de riscos para o país. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,44%, a 98,660. No Brasil, a pressão externa do dólar era controlada pelo elevado diferencial de juros entre o país e os Estados Unidos, o que favorece o uso da divisa brasileira em estratégias de "carry trade" de investidores estrangeiros.
Enquanto o Fed parece a caminho de cortar os juros, o Banco Central tem indicado que a taxa Selic, agora em 15%, permanecerá elevada por tempo bastante prolongado. Segundo a Azimut Brasil Wealth Management, o mercado vem colocando prêmio de risco no Brasil de forma geral, mas o câmbio não vem sofrendo tanto. Subiu pouco para todos os riscos no radar. O custo de apostar contra é muito alto por conta do diferencial de juros. Esse cenário permitiu ainda uma proteção do Real diante de outro risco local: a percepção de agravamento no impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos. Desde a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de vetar que cidadãos brasileiros sejam afetados por leis estrangeiras relacionadas a atos cometidos no Brasil, o mercado tem demonstrado receios de uma resposta do lado norte-americano que possa impactar as operações de bancos nacionais.
Os agentes também veem menos espaço para o Brasil negociar a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. A decisão de Flávio Dino indicou, na prática, que o ministro Alexandre de Moraes não poderá sofrer as consequências das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos. O dólar chegou a disparar ante o Real na terça-feira (19/08), com o mercado reagindo à decisão de Dino, mas, desde então, não tem acumulado ganhos amplos ante a moeda brasileira. Na cotação máxima da sessão, o dólar atingiu R$ 5,49 (+0,41%), na primeira hora de negociações. A mínima da moeda foi de R$ 5,46 (-0,11%), às 10h36. O Banco Central vendeu 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de setembro de 2025. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.