21/Aug/2025
O dólar recuou ante o Real nesta quarta-feira (20/08), devolvendo parte do forte ganho da véspera, quando o mercado reagiu negativamente a uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), com implicações para o impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos. O dólar fechou em baixa de 0,49%, a R$ 5,47. Os movimentos do Real nesta sessão tiveram como base ajustes realizados por agentes financeiros depois da aversão ao risco demonstrada na terça-feira (19/08), que fez a divisa dos Estados Unidos subir mais de 1% frente à moeda brasileira, cravando o maior patamar em duas semanas, a R$ 5,50. Os receios do mercado partiram de uma decisão de Flávio Dino que determinou que cidadãos brasileiros não podem ser afetados em território nacional por leis estrangeiras relacionadas a atos cometidos no Brasil. A decisão não dizia respeito diretamente à disputa recente entre Brasil e Estados Unidos, mas, na prática, indicou que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, não pode sofrer as consequências da imposição pelos Estados Unidos de sanções econômicas com base na Lei Magnitsky.
A reação dos investidores no pregão de terça-feira (19/08) foi negativa, diante da percepção de que a essa decisão dificultava as tentativas do governo brasileiro de negociar a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos do País. Os agentes também passaram a temer que uma resposta norte-americana à decisão possa afetar a operação de instituições financeiras brasileiras que descumpram as sanções dos Estados Unidos a fim de evitar uma potencial reação do STF. Segundo a One Investimentos, o mercado sempre tenta se antecipar ao futuro, então uma única notícia pode gerar um movimento muito forte. Agora, já se vê um arrefecimento, com retorno de fluxo, mas não no mesmo patamar. Sobre o assunto, investidores ainda avaliaram comentários de Alexandre de Moraes em entrevista exclusiva à Reuters, em que confirmou que tribunais brasileiros podem punir instituições financeiras nacionais que bloquearem ou confiscarem ativos domésticos em resposta a ordens norte-americanas.
No cenário externo, as divisas emergentes receberam um impulso vindo dos preços mais altos do petróleo, produto importante da pauta exportadora de muitos desses países, conforme os mercados reagem à perspectiva de uma resolução para a guerra na Ucrânia. Os investidores também exibiram cautela antes de um aguardado discurso do chair do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, nesta sexta-feira (22/08), no simpósio econômico de Jackson Hole. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,05%, a 98,272. Na mínima do dia, o dólar alcançou R$ 5,46 (-0,68%). Na máxima, chegou a R$ 5,50 (+0,08%), logo após a abertura. O Banco Central vendeu 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de setembro de 2025. O Brasil registrou fluxo cambial total positivo de US$ 149 milhões em agosto até o dia 15. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.