18/Aug/2025
Os produtores de café e carnes ficaram de fora da lista de isenção das tarifas de 50% sobre produtos vendidos aos Estados Unidos. Essa sobretaxa sobre dois grandes setores exportadores brasileiros vai impactar o resultado dos Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros)? Segundo especialistas, não há esse risco. Os fundos listados na B3 são poucos expostos a empresas desses dois setores. Apesar disso, analistas demonstram preocupação com o futuro das negociações entre Estados Unidos e outros países concorrentes do Brasil em alguns produtos de exportação. Para a XP, é impossível ter alguma certeza sobre o impacto das decisões do governo Trump, pois as negociações ainda estão acontecendo, mas o importante é que boa parte da pauta de exportação para os Estados Unidos, em torno de 45%, ficou de fora da taxação.
É tudo muito incipiente. As coisas estão mudando, é uma discussão muito fluida, que muda rapidamente. Produtos que inicialmente poderiam ter impactos mais elevados foram contemplados na lista de exceção, como é o caso do suco de laranja. A Bloxs afirma que, no caso de café e de carne, os Fiagros estão investidos em papéis de grande empresa desses dois setores, ou seja, companhias com balanços sólidos e resilientes ao tarifaço. O impacto, se houver, será muito limitado. O impacto em carne e café não passa de 20% do volume total de exportações aos Estados Unidos. Há fundos expostos a papéis de café e proteínas, mas são de empresas extremamente sólidas, como Minerva e JBS. Recentemente, o Brasil conseguiu redirecionar parte da produção de café para a China, mas isso não caracteriza que toda a produção daqui para a frente será absorvida pelo país asiático.
Essa é uma questão de tempo e será necessário esperar de três a quatro meses para ter uma certeza sobre os impactos das tarifas nos ativos dos Fiagros. Dos fundos cobertos pela XP, 31% dos devedores são produtores rurais de cana-de-açúcar, 27% são produtores de grãos, muito concentrado em soja, 17% são insumos agrícolas, produtor rural e pecuarista são 2% e frigoríficos 3%, totalizando 5% de exposição ao setor de proteína animal. Dois pontos podem ser prejudiciais aos ativos dos Fiagros nas negociações dos Estados Unidos com outros países. O principal seria uma exigência de Donald Trump de que a China quadruplique a compra de soja de produtores norte-americanos, como contrapartida de ter suas taxas reduzidas. Como o grande destino da soja brasileira é a China, uma vez celebrado um acordo, naturalmente a China vai importar menos soja do Brasil e aí poderia haver um impacto nos produtores brasileiros.
Dentro da produção de grãos no Brasil, a soja é a base da pirâmide do crédito do agronegócio. Os investidores se concentram em culturas mais clássicas e menos voláteis, como é o caso da soja, milho e algodão. O segundo ponto seria sobre a pressão que os Estados Unidos estão fazendo para que os países não comprem da Rússia. A intenção de Donald Trump é fazer com que a Rússia anuncie o fim da guerra na Ucrânia, boicotando produtos russos. Os fertilizantes russos são muito mais baratos para os produtores brasileiros do que as alternativas, como o do Canadá, por exemplo. A Rússia precisa de receita, dado todo o embargo que está sofrendo das principais economias e precisa de receita para financiar a guerra. Num eventual embargo dos Estados Unidos sobre as compras brasileiras desses fertilizantes, vai encarecer o custo de produção no Brasil, comprimindo a margem dos produtores. Então, esse é um ponto de atenção. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.