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15/Aug/2025

Empresários não descartam demissões por tarifas

Setores industriais e de exportação avaliam que o pacote de medidas do governo para reduzir os impactos da sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos representa um avanço, mas é insuficiente para resolver problemas estruturais e preservar empregos. Entre os pontos positivos, eles destacam ganhos como a ampliação do Reintegra e o crédito emergencial. Mas, alertam que sem vendas não é possível conseguir manter os postos de trabalho. Para as principais federações de indústrias do Brasil, é preciso acelerar negociações diplomáticas com os Estados Unidos, abrir novos mercados e adotar medidas de defesa comercial para conter a concorrência de produtos importados com preços subsidiados. No setor de calçados, os fabricantes consideram que o pacote é importante para a preservação das empresas, mas continuam aguardando ações para a garantir empregos, diz a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

O conjunto de medidas anunciadas contemplou em parte as solicitações da indústria calçadista nacional. Para outros setores da indústria, a manutenção dos empregos e a sobrevivência das empresas também é uma preocupação. O ponto concreto e efetivo do pacote é só o Reintegra, afirma a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Outras associações industriais também se posicionaram. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que considera que as medidas darão um respiro à indústria nacional. A entidade recebeu positivamente as medidas pelo fato de contemplar muitas das demandas feitas pelas indústrias, federações e associações setoriais, e porque englobou dois conceitos básicos: continuar negociando como prioridade e, o segundo, se novas medidas forem necessárias elas serão tomadas.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) manifestou apoio ao plano do governo federal para mitigar os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Medidas para preservar empregos, diversificar mercados e assegurar condições justas de comércio internacional são importantes e demonstram compromisso com a defesa dos setores produtivos nacionais. A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) avaliou como "relevantes" as medidas anunciadas pelo governo federal para atenuar os efeitos do tarifaço. É preciso considerar linhas de crédito que cheguem efetivamente às empresas de pequeno porte e às cooperativas. A entidade destacou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e governo federal podem colaborar comprando produtos especiais, o que ajudaria a equilibrar os preços para os produtores.

Dentro das medidas anunciadas pelo governo, está a flexibilização de compras governamentais para que a União adquira produtos perecíveis que seriam exportados para os Estados Unidos e estão parados nos portos desde o anúncio do tarifaço. Outro ponto importante é a inclusão da agricultura familiar no Plano Brasil Soberano, que pode gerar benefícios expressivos. A medida provisória não depende apenas do governo federal e, por isso, a entidade fez um apelo ao Congresso Nacional para que contribua com a aprovação dessa medida. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (FecomercioSP) reconheceu a necessidade das medidas contra o tarifaço. O pacote dá fôlego aos setores mais atingidos pela elevação das tarifas de importação por Donald Trump. Porém, é importante focar nas negociações. As medidas anunciadas pelo Executivo para conter danos causados pelo tarifaço dos Estados Unidos ao Brasil eram necessárias diante da gravidade da situação.

As políticas, que envolvem disponibilidade de crédito a empresas mais atingidas, adiamento de arrecadação de impostos, estímulos via compras governamentais e apoio jurídico nos tribunais norte-americanos terão efeitos significativos, sobretudo, para produtos industrializados que, com a taxação do mercado estadunidense, ficam provisoriamente sem direcionamento. Essas mercadorias, de acordo com a entidade, não serão realocadas em outros mercados no curto prazo e, por isso, as empresas que as produzem estão sujeitas a impactos mais sérios, os quais, em alguns casos, prejudicam regiões inteiras do País. Portanto, sem um resgate imediato, a sobrevivência desses negócios estaria em risco. No entanto, é preciso que o governo não aumente ainda mais a tensão diplomática com os Estados Unidos. O momento é de evitar declarações retaliatórias e evitar discussões públicas improdutivas.

É mais relevante negociar com responsabilidade e moderação. Na Região Sul, com a queda abrupta das encomendas dos Estados Unidos, exportadores de móveis de São Bento do Sul, Campo Alegre e Rio Negrinho (SC) deram férias coletivas a cerca de 600 empregados e quase paralisaram a produção. O polo, que reúne 398 fábricas e 7 mil trabalhadores, vendeu US$ 123,4 milhões em 2024, dos quais US$ 77 milhões para o mercado americano. No primeiro semestre deste ano, as compras dos EUA somaram US$ 39,19 milhões. Quatro companhias já suspenderam parte das operações e outras duas estudam reduzir jornada ou interromper atividades. Na Artefama, 220 dos 440 funcionários foram liberados por 15 dias, período que pode ser prorrogado. Segundo o Sindusmobil, o pacote federal de socorro e as medidas do governo estadual, como crédito via BRDE e postergação do ICMS, dão fôlego emergencial ao setor. Fonte: Broadcast Agro e O Globo. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.