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12/Aug/2025

Brasil quer incluir alimentos na exceção às tarifas

Tanto governo quanto exportadores mantêm esperança de incluir mais itens agropecuários no rol de exceções ao tarifaço dos Estados Unidos. A sobretaxa sobre produtos importados brasileiros entrou em vigor no dia 6 de agosto e deixou cerca de 80% das exportações do agronegócio sujeitas à alíquota total de 50%. Representantes dos setores de café, carne bovina, frutas e pescados pedem ao governo prioridade na negociação bilateral com os Estados Unidos para serem excluídos da taxação. O Executivo, por sua vez, quer ampliar a abrangência da lista de exceções para todas commodities agrícolas e alimentos. Entre os principais produtos do agronegócio exportados aos Estados Unidos, suco de laranja, celulose e castanha foram poupados da sobretaxa de 40%, ficando apenas expostos à taxa de 10% em vigor desde 5 de abril. Entretanto, café, carne bovina, frutas, pescados, açúcar e etanol e cacau seguem no tarifaço. A maior expectativa é quanto ao café, já que o Brasil responde por 34% de tudo que é importado pelos Estados Unidos, que é o maior consumidor mundial da bebida.

Espera-se também que frutas, como manga, e pescados possam ser revistos do tarifaço. Acredita-se que tudo que não é cultivado nos Estados Unidos, como café, cacau e frutas tropicais, será reavaliado quanto à aplicação tarifária. A dúvida que persiste é quando e como será feito. O pedido é para exclusão de todos os produtos agropecuários do tarifaço. Trata-se de segurança alimentar. Uma das incertezas é quanto à extensão das exceções, se os Estados Unidos vão excluir os itens de maneira geral a todos exportadores, como se previa anteriormente, ou se as exceções terão de ser negociadas país a país. Inicialmente, os acenos norte-americanos apontavam que a medida não seria direcionada ao Brasil, mas estaria dentro de uma cesta de itens de difícil produção nos Estados Unidos e que valeria para outros mercados exportadores. Outra dúvida que surge tanto entre os exportadores quanto no Executivo é quanto à previsão de quando a lista de exceções poderá ser ampliada.

Emissários do governo norte-americano haviam sinalizado a empresários dos Estados Unidos que a exceção para o café seria anunciada em publicação do governo norte-americano ainda na sexta-feira (1º/08), o que não se concretizou. Tudo está muito imprevisível. O setor cafeeiro tem esperanças da entrada do café na lista de exceções, mas ainda está tudo incerto. Já em relação à carne bovina, interlocutores do Executivo dizem manter um "otimismo cauteloso" já que os Estados Unidos são um importante player global no segmento. Parte do otimismo persiste ainda da avaliação de que a carne é um produto com canal direto à inflação norte-americana, em meio à redução no plantel local e da necessidade da indústria norte-americana de recorrer ao mercado externo. Não é uma negociação fácil, resume uma fonte do setor. Há, contudo, uma divergência entre a estratégia a ser adotada. O governo busca a exclusão de todos os alimentos e produtos agropecuários à sobretaxa de 40% e a redução de forma geral da taxação de 50% para um menor patamar.

Já os exportadores cobram do Executivo prioridade no pedido de exceção aos setores mais afetados à tarifa, aqueles que dependem das exportações aos Estados Unidos e têm maior exposição ao mercado norte-americano, caso do café, dos pescados e da manga. O otimismo do governo quanto à ampliação das exceções foi reforçado após reunião do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, ocorrido no dia 7 de agosto. Segundo fontes, há sinalizações por parte do governo norte-americano de "espaço" para ampliar a lista de exceções, sobretudo em itens que podem pressionar a inflação norte-americana, caso dos produtos alimentícios utilizados no café da manhã e na alimentação diária norte-americana. Escobar teria relatado a empresários brasileiros que "não compreende" por que alguns itens ficaram de fora da lista das exceções, dada a pressão inflacionária na economia norte-americana.

Na última semana, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou acreditar que mais produtos agropecuários possam ser incluídos na lista de exceção à sobretaxa de 40% imposta pelos Estados Unidos a produtos importados brasileiros. “Acho que o bom diálogo, como já aconteceu, por exemplo, no caso do suco de laranja, para o qual já foi encontrada uma solução, vai prevalecer. Vamos superar o desafio das carnes, do café, do mel, do pescado e dos demais produtos", disse o ministro a jornalistas. "Sempre com diálogo, com bom senso", acrescentou. Em paralelo às tratativas bilaterais entre os governos, exportadores seguem em contato com os pares importadores norte-americanos. O diálogo vem ocorrendo há um mês, desde o anúncio da sobretaxa extra pelo governo norte-americano e intensificado desde que a alíquota se concretizou. As conversas seguem a todo vapor, diz uma liderança do setor exportador.

A busca é por acesso ao governo norte-americano, mas ainda não há sinal de que a tarifa poderá ser arrefecida, pontuou uma fonte da indústria de carnes. O principal argumento dos exportadores brasileiros na tentativa de sensibilizar os empresários norte-americanos e, consequentemente, o governo local é de que a tarifa vai encarecer o café da manhã e itens básicos da alimentação norte-americana, como o hambúrguer. A pressão para retirada do café da lista de sobretaxas é reforçada pela própria indústria norte-americana. A National Coffee Association (NCA) conduz as tratativas com o governo local. No caso da carne bovina, as articulações passam pelo Meat Import Council of America (MICA), que representa empresas que importam, processam e vendem carnes importadas nos Estados Unidos. O conselho já pediu formalmente ao governo norte-americano que inclua a proteína brasileira na lista de exceções ao tarifaço. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.