12/Aug/2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a reunião com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, que ocorreria nesta quarta-feira (13/08), foi desmarcada, sem que nova data tenha sido indicada. A agenda, informada por Haddad na semana passada, ocorreria por videoconferência e seria destinada a discutir a aplicação da tarifa de 50% sobre parte das exportações do Brasil para os Estados Unidos. O ministro recebeu um e-mail informando do cancelamento da reunião com Bessent um ou dois dias depois que ele informou à imprensa sobre a reunião. "Argumentaram falta de agenda, uma situação bem inusitada", afirmou Haddad, que disse ainda que a situação do Brasil é completamente diferente da de outros países, porque há no País uma força política que faz "uma espécie de antidiplomacia".
Ainda, Fernando Haddad disse que a afirmação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas sobre a necessidade de uma ligação do presidente brasileiro ao presidente norte-americano é, "no mínimo, um pouco ingênua". "Talvez seja uma pessoa que não tenha ainda o traquejo das relações internacionais. Não funciona assim", afirmou o ministro. Ele frisou a necessidade de uma "preparação prévia" para estabelecer o contato entre chefes de Estado e afirmou que há uma resistência em função da atuação de pseudo brasileiros em Washington. "Eu penso que o governador está sendo um pouco ingênuo de imaginar que esse telefonema é a chave de todas as portas. Não é", completou Haddad. De fato, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta segunda-feira (11/08), em entrevista ao Financial Times, que os Estados Unidos devem intensificar a pressão contra o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, impondo novas sanções a ministros que não encerrem o julgamento de seu pai, Jair Bolsonaro, réu acusado de coordenar um golpe de Estado.
Eduardo lidera uma campanha de lobby em Washington para que os Estados Unidos tomem medidas contra a corte brasileira para evitar uma eventual prisão do ex-presidente. "Eu sei que (Trump) tem uma série de possibilidades sobre a mesa, desde sancionar mais autoridades brasileiras, até uma nova onda de revogação de vistos, até questões tarifárias", disse Eduardo ao FT. Segundo ele, Washington deve ampliar penalidades após o governo norte-americano já ter aplicado sanções ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo processo. Eduardo afirma que "Moraes queimou todas as suas opções" e que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "ainda não. Trump ainda tem a opção de dobrar sua aposta com base na reação de Moraes".
Entre as possíveis retaliações, ele cita a chance de sanções contra a esposa de Moraes, "que é seu braço financeiro", além de revogação de vistos a aliados do ministro. A ameaça de retaliações já havia sido estendida a aliados de Moraes na semana passada, em publicação feita pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. O deputado destacou ainda que pretende ainda levar o tema à Europa para pressionar por sanções contra a corte brasileira no Parlamento Europeu. "Eu quero levar as sanções dos Estados Unidos à atenção dos parlamentares europeus para que ele possa ser sancionado lá", afirmou. Apesar das críticas internas, que acusam sua campanha de prejudicar exportações e empregos no Brasil, Eduardo defende que sua atuação visa "salvar a democracia" e admite estar preparado para "as pessoas da esquerda que possam me insultar e criticar". Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.