08/Aug/2025
O anúncio do tarifaço contra o Brasil pelo presidente norte-americano, Donald Trump, vai completar um mês no dia 9 de agosto e os seus efeitos sobre a macroeconomia continuam limitados. O dólar, que é visto como um sinal de fumaça do mercado financeiro em caso de aumento abrupto da desconfiança, pouco se mexeu nesse período. No dia 7 de julho, um dia antes do anúncio, fechou a R$ 5,48, e no dia 6 de agosto encerrou o pregão em R$ 5,46. O Boletim Focus, que contém as principais projeções dos investidores, também teve pouca alteração. As estimativas de inflação para este ano e o próximo caíram, e para o PIB praticamente não mudaram. É verdade que as barbaridades econômicas cometidas por Trump enfraquecem o dólar mundialmente, o que ajuda a moeda brasileira.
Mas, também é fato que o impacto das tarifas é muito mais setorial e, por isso, os investidores nunca chegaram a precificar uma “hecatombe” econômica no País, ao contrário do que apostam os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. O recuo parcial de Trump, que excluiu do tarifaço 45% da pauta exportadora brasileira, reforçou esse cenário. Os bloqueios comerciais contra países têm se mostrado pouco eficazes para fins políticos, e a economia da Rússia é um exemplo disso. A invasão à Ucrânia levou os Estados Unidos e a União Europeia a sancionarem o país e congelar suas reservas cambiais, além da exclusão dos bancos russos do sistema Swift, que faz a conexão das ordens de pagamento financeiro mundiais. Depois de uma queda de 1,4% do PIB em 2022, a Rússia redirecionou seu comércio para a China, Índia e Brasil, apostaram na triangulação de comércio e voltou a crescer: 4,1% em 2023 e 4,1% em 2024, segundo dados do FMI.
Para piorar, a máquina de guerra russa continuou em pleno funcionamento. No caso da Rússia, ao contrário do Brasil, as sanções foram bem fundamentadas porque a invasão à Ucrânia é uma agressão injustificável. Mas, os resultados do bloqueio ficaram muito aquém do esperado. Não há nada que o Brasil tenha feito que justifique a ação norte-americana, nem as falas sobre os Brics, o uso do Pix e muito menos o julgamento da tentativa de golpe de Bolsonaro. E o ministro da Fazenda, Fernado Haddad, tem razão quando aponta a atuação de brasileiros no exterior como um elemento que diferencia o Brasil de outros países. Desde que a crise diplomática não escale, o Brasil sairá vivo do tarifaço. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.