08/Aug/2025
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), os brasileiros ficaram mais endividados e mais inadimplentes em julho. A proporção de famílias com contas a vencer cresceu de 78,4% em junho para 78,5% em julho, o sexto mês consecutivo de altas. Em relação a julho de 2024, quando também 78,5% das famílias estavam endividadas, houve estabilidade. A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa. A proporção de consumidores com contas em atraso subiu de 29,5% em junho para 30,0% em julho, maior patamar desde setembro de 2023, quando essa fatia somava 30,2%. Um ano antes, em julho de 2024, a proporção de famílias inadimplentes era de 28,8%.
A fatia de consumidores que afirmaram não ter condições de pagar dívidas vencidas, ou seja, que permaneceriam inadimplentes, subiu de 12,5% em junho para 12,7% em julho. Essa parcela era de 11,9% em julho de 2024. Os resultados emitem um alerta de que famílias de renda baixa e média têm enfrentado mais dificuldades no pagamento de contas. O aumento do número de famílias que já não conseguem pagar suas dívidas e a estagnação do endividamento indicam que os brasileiros estão no limite da capacidade de contrair novas dívidas. A redução dos prazos mostra um uso cada vez mais defensivo do crédito. Esse comportamento exige atenção das autoridades para que se evite uma estagnação no comércio e nos serviços. Apesar do avanço no endividamento e na inadimplência, houve melhora da percepção do endividamento: a proporção de pessoas que se consideram "muito endividadas" desceu de 15,9% em junho para 15,5% em julho.
Houve ainda manutenção da tendência de redução dos prazos firmados para os pagamentos, pelo sétimo mês consecutivo: o percentual de famílias comprometidas com dívidas por mais de um ano desceu de 32,2% em junho para 31,5% em julho, menor nível desde fevereiro de 2024, quando estava em 30,9%. Por outro lado, houve aumento do comprometimento da renda com dívidas por até seis meses, mostrando que o endividamento está sendo cada vez mais de curto prazo. O total de famílias com mais da metade da renda comprometida com o pagamento de dívidas caiu de 19,2% em junho para 18,9% em julho. A parcela média da renda comprometida com dívidas encolheu de 29,6% em junho para 29,4% em julho. O cartão de crédito mantém a liderança como a modalidade mais utilizada, mencionada por 84,5% dos endividados, mas perdeu espaço em relação à fatia de 86,0% registrada em julho do ano passado. Na direção oposta, os carnês cresceram em um ano, com uma fatia de 16,8% de menções em julho de 2025, ante 15,7% em junho de 2024.
Nota-se as famílias brasileiras cada vez mais conscientes com relação ao crédito. Prova disso é a redução do comprometimento médio da renda e da parcela de famílias com mais da metade dos ganhos consumidos pelas dívidas. O recuo do cartão de crédito e avanço dos carnês sugerem uma busca por modalidades menos onerosas e com maior previsibilidade de pagamento. Na passagem de junho para julho, as famílias de renda mais baixa ficaram mais endividadas e mais inadimplentes. No grupo com renda familiar mensal de até três salários-mínimos, a proporção de endividados subiu de 81,1% em junho para 81,2% em julho. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários-mínimos, a proporção de endividados aumentou de 80,9% para 81,3%. No grupo de cinco a dez salários-mínimos, houve redução de 78,7% para 77,5%. No grupo com renda acima de 10 salários-mínimos mensais, essa fatia subiu de 67,5% para 67,9%.
Quanto à inadimplência, no grupo com renda familiar mensal de até três salários-mínimos, a proporção de famílias com dívidas em atraso cresceu de 36,9% em junho para 38,0% em julho. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários-mínimos, a proporção de inadimplentes caiu de 29,4% em junho para 28,7% em julho. No grupo de cinco a dez salários-mínimos, houve redução de 22,9% para 22,2%. No grupo que recebe acima de 10 salários-mínimos mensais, a fatia de inadimplentes cresceu de 14,9% para 15,6%. O endividamento das famílias brasileiras deve começar a arrefecer nos próximos meses, mas ainda encerrar 2025 acima do patamar de um ano antes. Esse movimento deve ser influenciado pela expectativa de aumento da inadimplência, gerando cuidado ao longo de 2025. Desse modo, mesmo com a queda no segundo semestre, devemos fechar 2025 com as famílias significativamente mais endividadas (+1,1%) e mais inadimplentes (+1,4%) do que no fim do ano passado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.