07/Aug/2025
O tarifaço de 50% sobre a importação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos entrou em vigor nesta quarta-feira (06/08), atingindo 906 municípios do País que vendem para os norte-americanos e que não escaparam da tarifa adicional imposta pelo presidente Donald Trump. O tarifaço foi decretado há uma semana e passou a valer à 01h01 (horário de Brasília). Trump livrou produtos como aeronaves da Embraer, suco de laranja, petróleo e celulose, mas sobretaxou carne, café, máquinas, pescados e outros produtos. Mercadorias que embarcarem a partir desta quarta-feira (06/08) deverão ter a tarifa aplicada. As empresas mais afetadas estão nos municípios das Regiões Sudeste e Sul do País, as que mais exportam para os Estados Unidos. Em São Paulo, por exemplo, estão os principais produtores de carne. Em Minas Gerais, os exportadores de café serão impactados.
No Rio Grande do Sul, as armas vendidas para os norte-americanos serão taxadas. Levantamento leva em conta os 30 produtos mais exportados pelo Brasil aos Estados Unidos em 2024 e os segmentos que foram alvo da sobretaxa adicional de 40% decretada por Trump no dia 30 de julho, uma taxa de 10% já havia sido anunciada sobre o Brasil, totalizando 50%. A incidência do tarifaço utilizada no levantamento é baseada em divulgação do Ministério do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Dentro dos grupos de mercadorias que não escaparam da tarifa adicional, há produtos que, a depender da especificação, podem ser isentos. Portanto, o levantamento não é definitivo. Não foram considerados os itens enquadrados na Seção 232, que taxa produtos específicos com a mesma alíquota em todos os países, como aço, alumínio e madeira.
Entre os municípios mais afetados, estão Piracicaba (SP), que vende máquinas e peças para os norte-americanos; Matão (SP), com preparações de frutas; Guaxupé (MG), que vende café; Jaraguá do Sul (SC), com máquinas e materiais elétricos; Campo Grande (MS), com a carne; e Ribeirão Pires (SP) e São Leopoldo (RS), que têm fábricas de armas vendidas aos Estados Unidos. Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que as Regiões Norte e Nordeste são mais sensíveis aos impactos do tarifaço porque exportam produtos de baixo valor agregado e com forte peso social nos empregos, como frutas, pescados, calçados e têxteis. Além disso, elas possuem os Estados mais dependentes dos Estados Unidos na pauta de exportação, como o Ceará. As Regiões Sul e Sudeste, por outro lado, também são impactadas, pois possuem empresas que lideram as exportações para os norte-americanos, mas contam com uma pauta mais diversificada e valor agregado maior, como máquinas, veículos, aeronaves e equipamentos industriais.
As isenções beneficiaram proporcionalmente as regiões mais ricas do País e menos as regiões mais pobres, como Norte e Nordeste. Quando se constrói uma pauta de exportação mais diversificada, com capacidade de acessar novos mercados e uma estrutura produtiva mais qualificada, isso dá uma musculatura maior para o segmento prospectar novos mercados. As exceções beneficiaram a Região Sudeste, mas ainda deixaram impactos relevantes na Região Sul, porque os produtos têm forte concorrência internacional e menor margem de absorção tarifária, como carnes, móveis, máquinas e armamentos. O Centro-Oeste é a região menos exposta por estar centrada em commodities agropecuárias e minerais e com outros destinos como principais mercados, como China e Europa.
A ApexBrasil classificou que os Estados Unidos e Europa estão entre os melhores parceiros comerciais do Brasil, ao mencionar o valor agregado dos produtos exportados. O maior parceiro do Brasil é a China (em dólares), mas entre os melhores estão Estados Unidos e Europa, pela qualidade dos produtos. Foi reforçado o argumento de que a tarifa de 50% dos Estados Unidos na pauta exportadora brasileira não tem nenhuma motivação comercial, sendo motivada por razões políticas. A expectativa é de que haverá um movimento interno "muito forte" nos Estados Unidos contra a taxa, especialmente para produtos como café, presentes no consumo diário da população norte-americana. Cerca de 44,6% das exportações brasileiras para os Estados Unidos estão fora da tarifa adicional de 50%. Os produtos excluídos expressamente da ordem executiva dos Estados Unidos equivalem a US$ 18 bilhões. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.