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05/Aug/2025

Brasil avalia próximos passos em relação aos EUA

O entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem aconselhado o chefe do Executivo a ter "muita cautela" em relação a um possível telefonema a sua contraparte norte-americana, Donald Trump. Os líderes conversariam sobre a decisão dos Estados Unidos de sobretaxar os produtos brasileiros em 10% em taxas recíprocas e em mais 40% alguns itens selecionados, com destaque para o café e a carne bovina. Essas análises foram feitas depois que Trump afirmou que Lula pode falar com ele "a qualquer momento". Há o temor, no entanto, de que, assim como ocorreu com outros chefes de Estado, Trump acabe "tripudiando" do brasileiro, e isto é tudo o que a comunicação do governo e a área diplomática querem evitar neste momento em que, apesar das consequências negativas para a economia doméstica, o tarifaço tem gerado ganhos políticos ao presidente Lula.

O presidente afirmou que quer negociar em igualdade de condições com os Estados Unidos porque tem "tamanho, postura e interesses" para isso. Ele classificou como "inaceitável" o governo norte-americano usar justificativa política (a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro) como um dos motivos para tarifar os produtos brasileiros. Nos últimos dias afirmou também, por várias vezes, que exige respeito de Trump. A sugestão até aqui é de que, se houver mesmo um interesse de contato bilateral entre os dois líderes, que primeiro seja feita uma rodada técnica para "amaciar" os dois lados. Essa aproximação poderia ser feita pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, ou pelo chanceler Mauro Viera, que vêm buscando abertura para negociações com os Estados Unidos em suas respectivas áreas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (04/08) que ainda nesta semana deverá conversar com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent.

De acordo com o ministro, a agenda do norte-americano é cheia e tem dezenas de países que estão sob sua responsabilidade. E até semana passada, ele estava na Europa, firmando acordos com a União Europeia, inclusive. Desde a semana passada, ele manifestou o interesse de talvez nessa semana marcar essa reunião, que não é a primeira, porque já houve uma reunião por ocasião da tarifa de 10%, em maio ainda, antes do anúncio. O ministro afirmou que anseia por esse encontro já há algumas semanas. O anúncio da semana passada trouxe tranquilidade para uma série de setores, mas há outros setores que estão aflitos com a manutenção de uma tarifa exorbitante de 50%. Fernando Haddad pretende explicar a Scott Bessent como funciona o judiciário brasileiro. O Brasil é signatário de todos os acordos internacionais que dizem respeito a direitos humanos.

O problema, conforme Haddad, não é o juiz, mas os atos perpetrados contra a Constituição. Isso não vai mudar: o problema das provas, das confissões, das delações, dos fatos concretos apurados, isso não vai mudar trocando de juiz. O Estado brasileiro está tratando o assunto com a seriedade merecida. Agora, os fatos estão sendo tratados dessa maneira, porque são graves, considerou em referência ao julgamento do ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Questionado sobre se o governo não pretende retaliar os EUA comercialmente, o ministro disse preferir a palavra "proteger". Esta é a obrigação do Estado. Isso vale para o comércio, para as instituições, para democracia e para soberania. Haddad afirmou que o governo brasileiro não trabalha com datas finais e que nunca saiu das negociações com os norte-americanos. Contudo, disse acreditar que "alguma coisa" possa sair até dia 6 de agosto.

Mas, Haddad foi duro ao dizer que o Brasil não fará nenhum acordo com os Estados Unidos nos termos que estão postos por eles porque, do ponto de vista brasileiro, não faria o menor sentido na taxação de imposto. Haddad admitiu, contudo, que na questão das terras raras, sim, o Brasil poderia entrar em acordo com os Estados Unidos. O Brasil pode fazer acordos de cooperação com os Estados Unidos envolvendo terras raras. O Brasil não quer se afastar de um parceiro como os Estados Unidos. Mas, não aceitará uma parceria na condição de colônia. Fernando Haddad, disse que a preocupação mais imediata da equipe econômica é com o um terço das exportações brasileiras que são direcionadas ao mercado norte-americano, sendo que 12% das vendas do Brasil para o exterior vão para os Estados Unidos. O que preocupa mais imediatamente, porque está descompensado em relação ao resto do mundo, é um terço desses 12%, portanto 4% das exportações brasileiras.

No que diz respeito às commodities, maior peso na pauta de exportações brasileiras, Haddad tentou passar uma mensagem de tranquilidade ao dizer que elas podem ser redirecionadas a outros mercados. Disse ainda que a sobretaxação por parte de Donald Trump vai acabar respingando no próprio consumidor norte-americano. A situação do consumidor de café dos Estados Unidos já está sendo sentida com a taxa. Para o ministro, o impacto de tarifas é mais micro do que macroeconômico. Em outra frente, o governo estuda a possibilidade de que Lula volte a usar a cadeia de rádio e TV para voltar a tocar nessa questão das tarifas e explicitar a posição brasileira à população que não acompanha diariamente o imbróglio internacional. A avaliação é de que, quando usou a ferramenta no mês passado, o presidente colheu resultados positivos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.