04/Aug/2025
Segundo a Federação do Comércio, Bens e Serviços do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a lista de produtos da pauta de exportações brasileira que deixarão de ser sobretaxados pelo governo norte-americano é vista como um ponto positivo. Mas, a série de exclusões, por si só, não é algo que o anima muito. Em se tratando do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que vale hoje pode não valer amanhã. A lista de exceções foi positiva e deu uma contribuição, mas ainda há muitos pontos a serem discutidos, notadamente, nos setores que não foram beneficiados com essa redução, com essa lista de exceção. Agora, se inicia uma longa jornada e o cenário é nebuloso. Em primeiro lugar, Donald Trump é totalmente imprevisível, "tem um ego enorme" e está tomando medidas que estão afetando e gerando incertezas na economia mundial. A incerteza tem peso importante, inclusive possíveis impactos em países que tenham relação com a Rússia num momento posterior.
É preciso avaliar como o governo brasileiro vai reagir a essa sequência de eventos sobre o tarifaço. Destaque também para a investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil, nos termos da chamada Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. Ela permite a retaliações contra práticas comerciais consideradas injustas, discriminatórias ou restritivas aos Estados Unidos. Segundo o economista e pesquisador sênior no Policy Center for the New South, Otaviano Canuto, a despeito de toda a confusão causada pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na relação comercial dos Estados Unidos com o Brasil, é preciso dizer que o nível de proteção comercial e tarifária brasileiro não tem sido uma coisa boa para a economia doméstica. O Brasil contribuiria muito para reduzir a guerra tarifária se promovesse um programa de abertura comercial. Quanto à guerra tarifária do Trump, não tem como ter um efeito positivo em termos de PIB nos Estados Unidos. A questão é que Trump conseguiu nas campanhas eleitorais de 2026 e 2024 vender a fantasia do "Make America Great Again", de rebobinar e trazer de volta as fábricas de Detroit. As fábricas não vão voltar.
A questão é apenas a discussão do quão danosa será essa política para os Estados Unidos e para o resto do mundo. Um segundo ponto a se observar é que a dinâmica tem uma incerteza. No mais, as tarifas do Trump estão refletindo aquilo que estava lá no "Dia da Libertação". Ou seja, aquela fórmula que foi decidida seis horas antes do anúncio, mas que reflete na verdade a tarifa básica de 10% para quem tem superado o déficit com os Estados Unidos. Os efeitos disso vão demorar. É interessante a evolução do preço de produtos importados. Já revelavam claramente, mesmo antes das tarifas entrarem em pleno efeito o impacto inflacionário, mas é preciso levar em conta o seguinte: o peso das manufaturas no PIB norte-americano, na cesta de consumo norte-americana não é o mesmo daquele de 30, 40 anos atrás. E, nesse sentido, o efeito inflacionário tem sido mais comedido do que aqueles que muitos estimaram. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.