01/Aug/2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (31/07) que parte do plano de contingência será apresentado nos próximos dias, para fazer frente aos efeitos da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Ele adiantou que o governo está fazendo uma "calibragem" neste mecanismo de proteção, após a oficialização do tarifaço com quase 700 exceções. O ministro mencionou, como focalização deste plano, proteção à indústria brasileira, aos empregos, e ao agronegócio, em alguns casos. Produtos como café, pescados e carne bovina serão afetados pela tarifa proibitiva. Já havia a previsão de medidas nessa direção, que será calibrada a luz do que foi anunciado. O governo trabalha para que que isso possa acontecer o mais rápido possível. Os atos já estão sendo preparados no Ministério da Fazenda. Nos próximos dias haverá anúncios nessa direção.
O plano de contingência vai delimitar as linhas de créditos, levando em conta que há setores na pauta de exportação pouco significativos percentualmente, mas altamente prejudicados com a taxa contra os produtos brasileiros. Ou seja, há setores mais frágeis que precisam de ações já no curto prazo. Ele disse ainda que o governo está analisando caso a caso. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, evitou detalhar o plano de contingência para fazer frente ao tarifaço, mas indicou que os recursos previstos para socorrer os setores afetados podem ficar de fora das regras da contabilização do resultado primário, ou seja, do limite de gastos. O vice-presidente mencionou a possibilidade de eventual crédito adicional para atender a despesas imprevisíveis e urgentes. Segundo ele, os efeitos da tarifa de 50% sobre a economia brasileira podem entrar nesse critério.
O plano de contingência às tarifas dos Estados Unidos buscará menor impacto fiscal possível. Alguns entes federativos já estão anunciando linhas de crédito para empresas afetadas. Setores industriais têm defendido ações para "proteger o mercado brasileiro" de produtos que estão entrando com preços inferiores ao custo de produção ou aos preços praticados no mercado interno. Ou seja, medidas antidumping. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com ministros no Palácio do Planalto na manhã desta quinta-feira (31/07), para avaliar os impactos do tarifaço. Nenhuma medida, seja de apoio às empresas e aos trabalhadores ou de reciprocidade em relação aos Estados Unidos, deve ser anunciada pelo governo nesta semana. O Palácio do Planalto também não trabalha com a possibilidade de anúncio das medidas em formato de "pacote". O objetivo de Lula com o encontro foi discutir com os ministros o conteúdo do tarifaço, com todos os setores que serão afetados (já que quase 700 itens foram isentos da sobretaxa), e o impacto na economia brasileira.
O presidente tem mapeado, junto de seus ministros, as medidas que serão tomadas para garantir empregos e apoiar as empresas em um cenário de eventual queda de receita por causa da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. A reunião foi uma continuação da reunião de emergência chamada por Lula na quarta-feira (30/07), logo após o anúncio da ordem executiva do presidente dos Estados Unidos. O MDIC deve voltar a se reunir, na semana que vem, com representantes dos setores afetados pelo tarifaço para avaliar alternativas. O Palácio do Planalto evita tratar o assunto como encerrado e tem insistido que vai manter as tentativas de negociação com o governo norte-americano nos próximos dias. A estratégia da administração Trump e os recorrentes adiamentos de imposição de tarifas, como aconteceu com o México nesta quinta-feira (31/07), reforçam uma sigla pejorativa que se espalhou nos Estados Unidos para se referir a esses episódios: "TACO" (Trump Always Chickens Out, ou Trump sempre desiste, em tradução livre).
Apesar de não trabalhar com esses termos, o governo acredita ser possível convencer o governo norte-americano a negociar em termos comerciais. A interferência no Poder Judiciário e na regulação das big techs continuam sendo tratadas como inaceitáveis por parte do governo brasileiro. Segundo a Pine, a tarifa efetiva do governo Donald Trump para as exportações brasileiras deve ficar em torno de 30%, considerando a longa lista de exclusão de produtos com tarifa adicional. O valor, contudo, segue acima da tarifa imposta para zona do euro (15%), Japão (15%), Índia (25%) e próximo das tarifas de Taiwan (32%), Suíça (31%) e Bangladesh (35%). Os 694 produtos que foram isentos da tarifa adicional de 40% amenizam o impacto do tarifaço de Trump, principalmente para os setores agro e florestal. Em termos de câmbio, o impacto no Real relacionado a tarifas deve ser limitado e depende da continuidade nas negociações com o governo norte-americano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.