01/Aug/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um recuo considerável no tarifaço contra o Brasil que não estava previsto no cenário mais otimista dos especialistas. Pelas contas preliminares da Leme Consultores, cerca de 40% da pauta exportadora para os Estados Unidos ficou excluída do aumento de tarifas. Foram quase 700 exceções que incluem petróleo, suco de laranja, aviões, aço, e diversos outros itens relevantes vendidos pelo Brasil para os norte-americanos. A surpresa positiva abre a oportunidade para o governo brasileiro esfriar a crise, ainda que Trump tenha cometido, no mesmo dia, uma nova e forte agressão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes sofreu sanções que podem ter impacto não só para ele, mas para o setor financeiro brasileiro, em uma medida ainda não totalmente mapeada pelos bancos do País.
O recuo parcial é reflexo do próprio “tiro no pé” dado por Trump. Os produtos que ficaram de fora do tarifaço são importantes para a economia norte-americana, como é o caso do petróleo, aço e os aviões da Embraer, só para ficar em três exemplos. Portanto, cabe agora ao presidente Lula evitar retaliações, para que mais produtos possam entrar na lista nas próximas semanas. Esse é o desejo de empresários e setores que ficaram de fora e serão atingidos pelo tarifaço, como é o caso da indústria de máquinas. Se existe um culpado sobre o tarifaço norte-americano, ele não está no governo brasileiro. Trump representa a maior agressão ao liberalismo econômico em toda a história dos Estados Unidos, e não há um único ato falho, erro ou omissão de Lula, Haddad ou Alexandre de Moraes que justifique o ato.
A ideia de que Trump defende e representa o mundo livre e, por isso, estaria protegendo o Brasil de uma suposta ditadura da toga, também não tem amparo nos fatos, já que ele agride internamente a democracia norte-americana, persegue opositores, universidades, a imprensa e, do ponto de vista externo, agravou a situação da Ucrânia contra a invasão da Rússia e manteve laços estreitos com ditaduras, como a da Arábia Saudita. Também pouco fez para impedir as mortes de civis, mulheres, idosos e crianças em Gaza. Um exemplo de como as medidas não fazem sentido está nos acordos com o Japão e União Europeia. Ao mesmo tempo que estabeleceu alíquotas de 15% para a importação de carros japoneses e europeus, manteve tarifas de 30% para a importação de autopeças do México e de 35% do Canadá.
As montadoras dos Estados Unidos terão aumento de custos, enquanto a importação de carros acabados terá percentual mais baixo. Culpa-se Lula por estreitar laços com os Brics, mas o conceito (já que nem bloco é) existe há quase duas décadas e, na prática, nunca influenciou em nada globalmente. Também se fala da criação do Pix, ameaças ao dólar, dos discursos do presidente brasileiro, e citam uma série de teorias para tentar justificar o tarifaço. A resposta correta, contudo, é a insanidade de Trump. O governo brasileiro tem seus vários erros na condução da economia, mas não recai sobre ele a culpa do tarifaço. Agora, é hora de atenuar a crise. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.