31/Jul/2025
O setor agropecuário vai ganhar mais representatividade no novo ciclo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) do governo federal. Na próxima terça-feira (05/08), quatro novos conselheiros ligados ao agronegócio vão assumir os postos no chamado “Conselhão”, órgão de assessoramento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem cerca de 200 participantes atualmente. Os novos conselheiros terão mandato até 2027. A composição ainda será divulgada oficialmente, mas o Valor teve acesso à lista dos nomes do agro. Entre os novos integrantes do colegiado estão nomes do cooperativismo e da produção agropecuária: Divanir Higino, presidente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá (PR); José Stival Junior, diretor de exportação da Cooperfrigu, de Gurupi (TO); Marcelo Vieira, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), com atuação no setor cafeeiro; e Romildo da Costa, criador do Grupo Nelore Machadinho, presidente da Associação Goiana do Nelore e diretor de Relações Governamentais da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Stival Junior confirmou que foi convidado pelo presidente Lula por acreditar que o agronegócio, que ainda mantém distanciamento do governo atual, precisa dialogar. A família dele atua no ramo agropecuário há 135 anos.
Nas últimas quatro décadas, o grupo se tornou exportador de commodities. “Esperamos contribuir com nossa experiência no mundo corporativo”, afirmou. Ele ressaltou que não pertence a nenhum partido político. “Tenho certeza de que o fortalecimento de acordos comerciais, como o da União Europeia, e do multilateralismo farão bem ao agro e à economia brasileira”, completou. Além dos novos conselheiros, foram reconduzidos alguns dos principais nomes ligados ao agronegócio, como Eraí Maggi Scheffer (Grupo Bom Futuro), Marcos Molina (fundador da BRF) e Sérgio Bortolozzo (atual presidente da SRB). Também já eram conselheiros Gilberto Tomazoni (CEO global da JBS), Teka Vendramini (ex-presidente da SRB e conselheira da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Alberto Borges de Souza (acionista da Caramuru Alimentos), Paulo Sousa (presidente da Cargill no Brasil), Márcio Lopes de Freitas (presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras) e Frank Almeida (presidente do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal). A nova fase do Conselhão deve intensificar o diálogo entre governo, setor produtivo e sociedade civil em torno de temas estratégicos, como o uso sustentável da terra e a descarbonização da economia. Está na agenda a criação de um Grupo de Trabalho sobre Terras Degradadas, com foco na recuperação e no uso estratégico dessas áreas para expansão agrícola sem desmatamento, além de transição energética. Conheça os novos executivos do agro a serem nomeados:
- Divanir Higino: Presidente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, uma das maiores cooperativas do Paraná, com forte atuação em grãos, agroindustrialização e exportações. Higino tem sido voz ativa na defesa de práticas sustentáveis e na modernização do cooperativismo.
- José Stival Junior: Diretor de Exportação da Cooperfrigu, frigorífico de origem goiana com presença crescente no mercado de carnes. É ligado à cadeia da bovinocultura e ao modelo cooperativo na industrialização da proteína animal.
- Marcelo Vieira: Empresário do setor cafeeiro e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB). Tem histórico de articulação entre produtores e setor público, além de engajamento em temas como segurança jurídica no campo e produtividade.
- Romildo Antônio da Costa: Fundador do Grupo Nelore Machadinho, um dos maiores criatórios da raça no país, com sede em Goiás, no Vale do Araguaia. Atua na pecuária intensiva e na valorização genética dos rebanhos.
O presidente-executivo da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, Divanir Higino, indicado para ser membro do Conselhão do governo federal, elencou alguns pontos que pretende levar para o debate grupo e que considera prioritários para os produtores rurais. Um deles é a viabilização da securitização das dívidas dos produtores de regiões brasileiras afetadas nos últimos anos por problemas climáticos, como o Rio Grande do Sul. O tema tem sido articulado pela bancada do Rio Grande do Sul com o governo, mas caminha a passos lentos. Antes do recesso parlamentar, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que autoriza o uso de até R$ 30 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal e recursos de outros fundos constitucionais regionais para renegociar os débitos do campo. Higino também defende avanços na regularização do Cadastro Ambiental Rural (CAR), a massificação do seguro rural e a criação de um Fundo de Catástrofe com a participação do governo federal e do setor produtivo, para basear mitigadores de risco e não sobrecarregar as companhias seguradoras. Participar do Conselho é uma forma de levar as reivindicações e sugestões do setor produtivo e atuar em defesa da classe produtora junto ao governo federal, afirmou o presidente da Cocamar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.